Uma mulher bebe café em frente à bolsa de valores BM&F&Bovespa em São Paulo (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2012 às 10h42.
São Paulo - Nada é tão ruim que não possa ser pior. Se na semana passada a Bovespa caiu abaixo dos 60 mil pontos, acumulando quatro pregões seguidos de baixa, a segunda-feira começa sem motivos para reverter essa tendência, diante do iminente colapso na zona do euro, e com grandes riscos de agravar ainda mais o cenário da renda variável brasileira até sexta-feira. Caso os negócios locais percam a linha dos 59 mil pontos, os ganhos no acumulado de 2012 podem "virar pó" o quanto antes. Às 10h05, o Ibovespa caía 0,96%, aos 58.876,91 pontos, na pontuação mínima do dia.
A análise gráfica da Bolsa "não tem mistério", conforme palavras do analista técnico da Ágora Corretora, Daniel Marques. "Se perder o suporte perto dos 59 mil pontos, azeda tudo e o objetivo passa a ser ao redor dos 56,3 mil pontos", avalia, lembrando que, assim, o Ibovespa zeraria a valorização do ano, já que iniciou janeiro um pouco acima dos 56,7 mil pontos.
Marques pondera que existem suportes intermediários entre os 58 mil e os 57 mil pontos, mas são níveis secundários, com poucas forças para segurar qualquer onda vendedora mais forte. "Vai depender muito do volume financeiro em dias de vendas aceleradas", acrescenta.
Mais cautelosos, os analistas gráficos José Faria de Azevedo Filho e Luiz Felipe Lopes, da Lopes Filho, avaliam, em relatório, que o Ibovespa pode atingir, no curto prazo, os níveis em 58,5 mil e 57,4 mil pontos. Já o analista técnico da Florença, Gilberto Coelho, lembra que a tendência de longo prazo da Bolsa pode ser rompida, caso a média móvel de 200 dias (MM200), em 59,3 mil pontos, seja perdida em breve.
Seja como for, a avaliação dos especialistas é de que o ambiente para os negócios deve, primeiro, piorar um pouco mais, para depois melhorar de vez. "É normal que ocorram repiques, sempre com altas menores do que as quedas, mas o momento está fragilizado para retomadas", avalia o analista da Ágora. Para ele, o investidor não deve cair na tentação de voltar às compras, depois dos fortes abalos de algumas ações. "O barato de hoje pode ser o caro de amanhã", diz Marques, lembrando de um velho jargão do mercado.
De fato, a segunda-feira amanheceu bem pesada, após o noticiário do fim de semana, dando conta de um novo fracasso na tentativa grega de costurar um governo de coalizão entre os líderes partidários e deixando as portas abertas para uma saída do país da zona do euro.
As negociações em Atenas, encabeçadas pelo presidente grego, Karolos Papoulias, prosseguem nesta segunda-feira, e os investidores já se preparam para uma "falência selvagem" do país, conforme palavras do vice-primeiro-ministro, Theodoros Pangalos. Para piorar a situação política na Europa, a chanceler alemã, Angela Merkel, sofreu, segundo ela própria, uma "derrota amarga" nas eleições regionais do domingo, durante a eleição no Estado mais populoso da Alemanha.
Sem costura política na Grécia e diante dos riscos de fragmentação da zona do euro, o investidor decreta a fuga dos ativos de risco. No horário acima, as bolsas de Londres, Paris e Frankfurt derretiam 2,00%, 2,41% e 2,05%, respectivamente, enquanto em Wall Street, o futuro do S&P 500 e o futuro do Nasdaq 100 tombavam 0,84% e 0,83%, nesta ordem, digerindo ainda o noticiário corporativo sobre mudanças na gestão do Yahoo! e do JPMorgan.