Mercados

Bonds da Vale resistem à queda após desastre em Brumadinho

Os títulos de dívida externa com vencimento em 2022 emitidos caíram apenas quatro centavos de dólar após o colapso da barragem de rejeitos da mina de Feijão

Vale: está agora em muito melhor forma financeira do que em 2015 (Adriano Machado/Reuters)

Vale: está agora em muito melhor forma financeira do que em 2015 (Adriano Machado/Reuters)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 7 de fevereiro de 2019 às 10h05.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2019 às 10h09.

(Bloomberg) -- A Vale sofreu dois desastres com barragens similares em pouco mais de três anos, mas a reação dos bonds da empresa aos dois eventos não poderia ser mais diferente.

Os títulos de dívida externa com vencimento em 2022 emitidos pela Vale caíram apenas quatro centavos de dólar após o colapso da barragem de rejeitos da mina de Feijão, no mês passado, que deixou mais de 150 pessoas mortas. Em 2015, quando duas barragens da BHP Billiton e da Vale se romperam em Mariana, esses mesmos bonds caíram em torno de 30 centavos.

As reações contrastantes podem se dever ao impacto nos preços do minério de ferro - que dispararam com o corte de produção da Vale desta vez -, além da menor escala do desastre em termos de destruição ambiental. Além disso, o presidente da empresa, Fabio Schvartsman, que chegou ao posto em 2017, utilizou um rali na commodity para impulsionar a produção. Ele também reduziu a dívida da empresa para US$ 16,7 bilhões no final de setembro, de US$ 29,9 bilhões em 31 de março de 2017.

“A Vale está agora em muito melhor forma financeira do que em 2015. Este é um fator muito importante nessa queda”, disse Ian McCall, que administra US$ 190 milhões em ativos de mercados emergentes na First Geneva Capital Partners. “Além disso, embora a perda de vidas desta vez tenha sido dramaticamente pior, o volume de rejeitos liberados e a destruição causada são muito menores.”

Schvartsman também é avaliado como tendo administrado melhor o desastre. Ao contrário de seu antecessor, cuja resposta lenta ao acidente de 2016 foi amplamente criticada, o novo presidente adotou uma abordagem proativa em 25 de janeiro, convocando uma coletiva de imprensa enquanto imagens surpreendentes do desastre eram divulgadas. Ele estava visivelmente perturbado quando os repórteres o encheram de perguntas difíceis.

A recuperação nos preços dos bonds depois da tragédia da semana passada também foi muito mais rápida do que no primeiro desastre. Apenas 12 dias após o episódio, os bonds de 2022 já estão de volta aos seus níveis da média móvel de 100 e 200 dias, enquanto que, em novembro de 2015, levou quatro a cinco meses para isso acontecer depois do desastre de Mariana.

Ainda assim, o acidente colocou a gigante da mineração em risco de perder seu grau de investimento, levou a empresa a suspender dividendos e até declarar força maior em alguns de seus contratos de minério de ferro depois de interromper temporariamente as operações em outra mina para ajudar a melhorar a segurança. Esses eventos causaram nervosismo no mercado global de minério de ferro, levando os preços a maior alta de dois anos. A Vale é a maior produtora mundial da commodity.

“A Vale é tão grande que pode lidar com isso do ponto de vista do fluxo de caixa”, disse Ray Zucaro, diretor de investimentos da RVX Asset Management, em Miami, acrescentando que a declaração de força maior não é um fator de mudança para a empresa por enquanto. "Mas se os problemas da Vale continuarem se acumulando, eles podem perder seu grau de investimento".

Acompanhe tudo sobre:bolsas-de-valoresMercado financeiroVale

Mais de Mercados

Ternium x CSN: Em disputa no STF, CVM reforça que não houve troca de controle na Usiminas

Casas Bahia reduz prejuízo e eleva margens, mas vendas seguem fracas; CEO está confiante na retomada

Tencent aumenta lucro em 47% no 3º trimestre com forte desempenho em jogos e publicidade

Ações da Americanas dobram de preço após lucro extraordinário com a reestruturação da dívida