Os operadores das bolsas de Frankfurt e Londres, em vias de fusão, revelaram que pretendem instalar a sede do novo grupo em Londres, mas advertiram que uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) poderá enfraquecer o projeto.

A Deutsche Börse e a London Stock Exchange (LSE) alertaram que a saída do Reino Unido da UE poderá diminuir o "potencial" da fusão, ao afetar o projeto de União do Mercado de Capitais (UMC) entre os 28 países do bloco.

"A fusão poderia otimizar e se beneficiar do potencial do projeto de União do Mercado de Capitais. Sabe-se que uma decisão dos eleitores do Reino Unido de sair da UE colocaria esse projeto (da UMC) em risco", ressaltaram.

Os eleitores britânicos devem se pronunciar no dia 23 de junho, em um referendo convocado pelo primeiro-ministro conservador, David Cameron, sobre a permanência do Reino Unido na UE.

A Deutsche Börse e a LSE insistem em sua vontade de avançar no processo de fusão qualquer que seja o resultado da consulta.

"O resultado do referendo não é uma condição para uma eventual fusão", garantiram.

Apesar disso, uma comissão conjunta foi criada para examinar as consequências de uma eventual Brexit, informou a Deutsche Börse.

Repartição de funções

O diretor da nova holding seria o atual presidente da Deutsche Börse, Carsten Kengeter, afirmou nessa sexta-feira o grupo alemão em comunicado.

O novo grupo ficaria com 45,6% nas mãos dos atuais acionistas do LSE e com 54,4% dos da Deutsche Börse, tanto em Frankfurt como em Londres.

Mas os dois operadores conservariam seus nomes de marca nas operações em seus respectivos mercados atuais.

Embora instale sua sede em Londres, distribuirá suas atribuições entre a capital britânica e Frankfurt.

Seu comitê de administração estará integrado por representantes de ambos os grupos, por partes iguais, informou o comunicado conjunto.

A Deutsche Börse tem prazo até 22 de março para lançar a operação.

Segundo o grupo alemão, a fusão com a LSE oferecerá às duas companhias "uma atraente oportunidade de reforçar-se mutuamente" para a criação de "um grupo de infraestrutura de mercados globais baseado na Europa".

Tudo isso "com lucros significativos para seus clientes" e para os negócios, graças a sinergias que permitirão um corte de gastos e aumento dos lucros, acrescenta a Deustche Börse.