Dilma Rousseff: definição da comissão do impeachment repercute no mercado (Ueslei Marcelino/ Reuters)
Anderson Figo
Publicado em 17 de março de 2016 às 16h21.
São Paulo - Na última hora de negociações desta quinta-feira (17), o Ibovespa disparava em torno de 7% e o dólar rondava a casa de R$ 3,64 com os investidores acompanhando os desdobramentos políticos no Brasil.
O clima otimista dos investidores refletia a aposta na eventual troca de governo, depois da divulgação de conversas entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os áudios foram gravados pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato, comandada pelo juíz Sérgio Moro.
Em uma das conversas, a presidente Dilma diz que estava enviando um emissário para entregar a Lula o termo de posse no comando da Casa Civil da Presidência para ele usar "em caso de necessidade".
Empossado no cargo, Lula deixaria de ser investigado em São Paulo e Curitiba, onde atua Moro, e ganharia foro privilegiado. Ou seja, passa a ser responsabilidade do STF (Supremo Tribunal Federal).
A cerimônia de nomeação de Lula ocorreu nesta manhã, mas meia hora depois o juíz federal Itagiba Catta Preta Neto suspendeu a posse.
Os investidores também digeriam a comissão que vai avaliar o impeachment de Dilma, que foi definida nesta tarde.
Analistas afirmaram que os recentes desdobramentos políticos têm enfraquecido o Partido dos Trabalhadores e, com isso, aumentado a chance de impedimento da presidente.
Às 16h10 (de Brasília), o Ibovespa subia 6,76%, para 50.992 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 10,5 bilhões. O índice era puxado por ações de estatais, como Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3).
Os papéis preferenciais da Petrobras tinham alta de 11,20%, para R$ 8,04 cada um. Já o BB chegou a ver sua ação deslanchar 17% no início da sessão, mas às 16h10 mostrava valorização mais amena, de 14,76%, para R$ 20,76.
Outros bancos, como Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) tinham ganhos de mais de 10% cada um. Do outro lado da Bolsa, as exportadores sofriam, impactadas pela baixa do dólar.
No câmbio, o dólar comercial mostrava queda de 2,52%, a R$ 3,645 na venda, depois de ter atingido mínima na casa de R$ 3,62 no início do dia. Ontem, a moeda americana já havia caído 0,64%.
O dólar acompanhava no Brasil a tendência de valorização da moeda no exterior, após o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) ter sinalizado ontem que o ritmo de aumento de juros na economia americana será mais lento do que o previsto.