Após fuga recorde de capital externo na plataforma, investidor estrangeiro voltou a colocar mais dinheiro no mercado brasileiro do que retirar (Witthaya Prasongsin/Getty Images)
Reuters
Publicado em 2 de outubro de 2019 às 17h14.
O fluxo de capital externo no mercado acionário brasileiro ficou positivo em setembro, após cinco meses de resultado negativo, conforme dados disponibilizados pela B3 nesta quarta-feira (2), considerando apenas operações no segmento secundário.
No mês passado, quando o Ibovespa subiu 3,57%, as entradas superaram as saídas em 425,9 milhões de reais, em movimento favorecido pela perspectiva de mais estímulos monetários no exterior, o que tende a favorecer migração de recursos para mercados emergentes.
Em agosto, o saldo de capital externo ficou negativo em quase 10,8 bilhões de reais, recorde de saída mensal líquida do segmento Bovespa.
Do noticiário de setembro, o Federal Reserve reduziu os juros e reforçou sua prontidão para eventuais novos estímulos para apoiar aquela economia, enquanto o Banco Central Europeu cortou também o custo do dinheiro na zona do euro e prometeu estímulos pelo tempo necessário.
A equipe da BB Investimentos também apontou como fator para redução na aversão a risco no exterior a percepção, no mês passado, de alívio na tensão da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Para o estrategista Odair Abate, da Panamby Capital, os dados do fluxo são um sinal positivo sobre a visão de estrangeiros para a bolsa brasileira, mas o quadro internacional ainda oferece riscos que precisam ser observados de perto, em particular notícias relacionadas ao ritmo da economia global.
Ele acrescenta, contudo, que o ambiente doméstico também colaborou com o resultado do mês passado, citando alguma recuperação da economia, inflação abaixo da meta, juros em queda, alguma melhora no emprego e na confiança. "Tudo incipiente, mas na direção desejada", disse.
Quanto à pauta de reformas, que vem sendo acompanhada de perto por estrangeiros, ele disse que a derrota do governo na véspera, na votação de um destaque da PEC da reforma da Previdência no Senado, foi um "tropeço importante", mas que é preciso acompanhar o desfecho de toda a votação.
Na noite de terça-feira, o plenário do Senado aprovou o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência em primeiro turno, mas também aprovou destaque que derrubou novas regras mais rígidas sobre o abono salarial e reduziu a economia prevista com a reforma.
No ano, o saldo externo continua negativo, em 20,8 bilhões de reais. Os números não consideram operações de IPOs e ofertas subsequentes de ações. Considerando as informações sobre essas ofertas disponibilizadas até o momento pela B3, o saldo estaria positivo em 4,2 bilhões de reais em 2019.