Painel da B3: comunicado do Fed aponta para incertezas nos juros dos EUA e bolsa brasileira cede mais de 2% (Germano Lüders/Exame)
Repórter de Invest
Publicado em 21 de setembro de 2023 às 17h58.
Última atualização em 21 de setembro de 2023 às 18h04.
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu os juros em 0,5 ponto percentual, para 12,75% ao ano, na última quarta-feira, 20. O segundo corte consecutivo da taxa Selic era amplamente esperado, mas, ainda assim, o Ibovespa desta quinta, 21, apresentou uma queda generalizada entre as empresas listadas, com o índice perdendo cerca de 2 mil pontos — a maior baixa desde maio.
Em relatório, o Itaú destaca que, apesar da redução, o comunicado do Copom não indicou a intenção de acelerar o ritmo de flexibilização no curto prazo. Contudo, esse cenário estava em linha com o consenso do mercado. “Ainda assim, as projeções apontam para um cenário de inflação relativamente confortável para 2024 e especialmente para 2025, que ganhará cada vez mais relevância no conjunto de informação do comitê daqui para a frente”, diz o documento.
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No entanto, se as expectativas por aqui são boas, o mesmo não necessariamente é visto para os Estados Unidos. Embora o Federal Reserve (Fed, banco central americano) tenha mantido o intervalo da taxa de juro entre 5,25% e 5,5%, o comitê responsável sinalizou que uma nova alta de juros pode ocorrer ainda neste ano. Esse fato levantou preocupações e os índices globais reagiram com queda — assim como a bolsa brasileira.
Segundo Matheus Pizzani, economista da CM Capital, tanto as falas do presidente da instituição, Jerome Powell, quanto a revisão das projeções do comitê para 2023 e próximos anos, não foram bem recebidas. “Powell seguiu a linha que vinha sendo adotada nas comunicações mais recentes, mostrando um comportamento mais cético e parcimonioso em relação à condução dos juros. Ele não declarou que o ciclo de aperto monetário foi encerrado, mas argumentou que o comitê seguirá analisando os dados de inflação e do mercado de trabalho”, afirma.
O economista ainda aponta que caso haja uma evolução negativa por parte de um ou de ambos os indicadores poderá implicar em um novo reajuste na taxa de juros ainda neste ano ou no próximo. “Essa perspectiva ganhou ainda mais força com as projeções revisadas pelo Fomc, que mostraram uma perspectiva mais negativa para os juros, principalmente em 2024 e 25, cujas taxas taxas foram revisadas em meio ponto para cima em relação às projeções anteriores.”
Mas o movimento está dentro das intenções do banco central americano. Thomas Monteiro, analista do Investing.com, explica que o Fed precisa manter os mercados em situação de incerteza a fim de alcançar o que deseja: controlar a inflação ao mesmo tempo que evita uma recessão no país. “Powell está lutando para manter o mercado incerto, para que as empresas não cresçam e nem contratem novas pessoas rapidamente, mantendo uma forte pressão sobre o crescimento dos salários”, diz.
Além disso, o analista frisa que outra estratégia do comitê é evitar que o mercado de títulos dos EUA tenha fortes vendas. “Isso faria com que as taxas de curto prazo fiquem muito altas, levando a economia em direção a uma recessão devido ao aumento dos spreads entre títulos de curto e longo prazo — implicando riscos.”
Nesta quinta-feira, 21, o Ibovespa fechou com queda de 2,15%, aos 116.145 pontos. Apenas oito empresas não encerraram o pregão no vermelho — subiram Suzano (SUZB3), Sabesp (SBSP3), Natura (NTCO3), CSN Mineração (CMIN3), Vibra (VBBR3), Klabin (KLBN11), Fleury (FLRY3) e Copel (CPLE6).
As maiores quedas ficaram com empresas ligadas ao varejo, consumo e construção civil. “Esses setores são, historicamente, mais sensíveis às variações de taxas de juro. Entre os ativos, estão Magazine Luiza (MGLU3), Minerva (MRVE3), Grupo Soma (SOMA3), Lojas Renner (LREN3) e Arezzo (ARZZ3)”, explica Elcio Cardozo, da Matriz Capital.
Diante disso, as empresas que tiveram as maiores quedas foram: