BM&FBovespa: projeto deverá definir os parâmetros de atuação das novas figuras de PNs e das PNPs, de forma que possam ser referendadas pela bolsa e tenham um padrão de atuação para mercado e para investidores (Gustavo Kahil/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2013 às 09h45.
São Paulo - A BM&FBovespa apresentou hoje um projeto para reestruturar o mercado de corretoras independentes, que passa por uma das maiores crises de sua história com queda do número de investidores e altos custos com tecnologia. A proposta, apresentada em reunião da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras (Ancor), pretende oficializar o sistema de divisão de tarefas entre corretoras que atendem clientes, recolhendo ordens e orientando, das que executam as operações de compra e venda na bolsa.
O projeto básico, preparado por uma consultoria internacional contratada pela bolsa, é criar as figuras do Participante de Negociação (PN, corretora que atenderia os clientes pelo sistema de conta e ordem) e a do Participante de Negociação Pleno (PNP, corretora que teria a estrutura tecnológica e a retaguarda para executar as ordens enviadas pela corretora PN). O PN se dedicaria ao atendimento, enviando as ordens para o PNP executar, enquanto o PNP poderia ter tanto atendimento quanto execução.
Hoje, as corretoras são acompanhadas pela BM&FBovespa por meio do Programa de Qualidade Operacional (PQO), que estabelece as regras de funcionamento gerais e concede selos de qualidade para as corretoras que cumprem as exigências. Pelo modelo atual, as corretoras precisam fazer de tudo para garantir os selos. Além disso, há a Bovespa Supervisão de Mercados (BSM), que fiscaliza as corretoras e suas operações.
Mas muitas corretoras que querem operar pelo sistema de conta e ordem, e dessa maneira reduzir seus custos transferindo os gastos com retaguarda e infraestrutura de liquidação para outra corretora, acabam ficando de fora dos padrões da bolsa.
O projeto deverá definir os parâmetros de atuação das novas figuras de PNs e das PNPs, de forma que elas possam ser referendadas pela bolsa e tenham um padrão de atuação para o mercado e para os investidores.
O modelo é parecido com o que existe nos Estados Unidos, onde há as empresas que executam as operações, os execution brokers, e as corretoras que atendem clientes. Dessa forma, há um ganho de escala significativo, pois um sistema é compartilhado por vários distribuidores.
É possível que, na modelagem, surja também um terceiro tipo de instituição, que apenas se dedique a prestar serviços de execução para outras corretoras, sem carteira própria de clientes.
A expectativa é de que a proposta de novo modelo para as corretoras esteja pronto no fim do primeiro trimestre do ano que vem, segundo um executivo que acompanhou as discussões.