Boeing: greve e problemas nos modelos 777X e 767 afetam resultados financeiros (Samuel Corum/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 23 de outubro de 2024 às 17h13.
Última atualização em 23 de outubro de 2024 às 17h14.
A fabricante americana de aeronaves Boeing reportou, nesta quarta-feira, 23, perdas trimestrais de quase US$ 6,2 bilhões (R$ 35,33 bilhões na cotação atual) no terceiro trimestre do ano. O resultado se deve à greve de seis semanas que afetou sua divisão de aviões comerciais e a problemas em seus negócios de defesa e aeroespacial.
O prejuízo final superou as estimativas dos analistas, que esperavam um déficit de US$ 6,12 bilhões (R$ 34,86 bilhões), enquanto o resultado foi de US$ 6,17 bilhões (R$ 34,15 bilhões). A receita da companhia registrou queda de 1%, totalizando US$ 17,8 bilhões (R$ 101,41 bilhões).
Nesta quarta-feira, a direção da empresa aguarda a votação dos funcionários de suas fábricas em Seattle, que decidirão se aceitam o último acordo trabalhista negociado com o sindicato. O desfecho pode encerrar a greve que começou em 13 de setembro, com a adesão de cerca de 33 mil trabalhadores do IAM (Associação Internacional de Maquinistas).
O novo CEO da Boeing, Kelly Ortberg, anunciou recentemente um corte de 10% no quadro de funcionários da companhia, o que já era esperado pelo mercado após o anúncio feito em 11 de outubro. Ortberg, em mensagem aos colaboradores, afirmou que um "novo rumo" exigirá uma “mudança cultural fundamental” e melhorias operacionais para garantir um futuro sustentável para a empresa.
As divisões de defesa e aeroespacial registraram perdas de US$ 2 bilhões (R$ 11,39 bilhões) no trimestre, destacando os problemas com o avião de reabastecimento KC-46A Pegasus da Força Aérea, além de dificuldades com os modelos 777X e 767. Os impactos financeiros desses modelos somaram US$ 3 bilhões (R$ 17,08 bilhões).
As ações da Boeing caíam cerca de 2,6% ao meio-dia desta quarta-feira em Wall Street. O líder sindical do IAM afirmou na terça-feira que a votação do novo acordo deve ser "apertada", com os resultados previstos para a noite desta quarta-feira.
Antes mesmo da greve, a Boeing já havia reduzido a produção de aeronaves para focar mais nos protocolos de segurança, após um painel de fuselagem de um 737 MAX da Alaska Airlines se desprender durante um voo em janeiro, forçando um pouso de emergência. O incidente ocorreu anos após dois acidentes fatais com o mesmo modelo em 2018 e 2019, resultando em 346 mortes.
Ortberg afirmou que os cortes de pessoal não estão relacionados à greve, mas são necessários devido ao excesso de funcionários em relação às necessidades atuais da empresa.
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