Redator na Exame
Publicado em 28 de outubro de 2024 às 06h43.
Boeing se prepara para captar mais de US$ 15 bilhões (aproximadamente R$ 85,65 bilhões), a partir desta segunda-feira, 28. A iniciativa é parte dos esforços da empresa para assegurar sua liquidez e evitar que seu rating de crédito seja rebaixado a grau especulativo. A autorização da SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) permite que a empresa arrecade até US$ 25 bilhões (R$ 142,75 bilhões) em ações e dívidas, o que amplia as alternativas financeiras para a Boeing diante do impacto da greve e de seus desafios operacionais.
De acordo com a Bloomberg, a transação envolverá tanto a venda de ações como a emissão de títulos conversíveis em ações, segundo fontes próximas ao assunto. Para garantir o sucesso da operação, a Boeing e seus assessores têm buscado potenciais investidores e monitoram o interesse do mercado. Caso a demanda seja robusta, o montante de capital levantado poderá exceder o valor inicialmente estimado.
A necessidade de captação é parte da estratégia da Boeing para preservar seu rating de crédito de grau de investimento, em meio a um cenário financeiro pressionado pela queda de 40% em suas ações neste ano. A Boeing está lidando com o impacto de uma greve de sete semanas, período em que a empresa deve consumir cerca de US$ 4 bilhões (R$ 22,84 bilhões) em caixa no quarto trimestre, levando seu fluxo de caixa negativo a cerca de US$ 14 bilhões (R$ 79,94 bilhões) em 2024.
Na última semana, os trabalhadores da fábrica da Boeing rejeitaram uma proposta de contrato que incluía aumento salarial de 35% distribuído ao longo de quatro anos. A empresa também anunciou planos de redução de 10% em sua força de trabalho, que podem incluir cortes em cargos executivos e de gerência, segundo memorando enviado pelo CEO, Kelly Ortberg, aos funcionários.
A Boeing reportou uma receita de US$ 17,8 bilhões (R$ 101,6 bilhões) no terceiro trimestre, abaixo das projeções do mercado, enquanto suas duas maiores divisões apresentaram aumento nas perdas. O desempenho da empresa no ano forçou a revisão de sua estrutura organizacional, que deve ser concluída até o final de 2024, incluindo a análise de continuidade do programa da cápsula espacial Starliner.