Boeing segue com problemas internos e precisa buscar dinheiro no mercado para balancear as contas. (Jeff Halstead/Icon Sportswire/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 15 de outubro de 2024 às 11h57.
Última atualização em 15 de outubro de 2024 às 16h30.
A Boeing anunciou planos de levantar até US$ 25 bilhões (R$ 140 bilhões) em ações ou dívida ao longo dos próximos três anos. A fabricante de aeronaves busca aumentar sua liquidez e estabilizar seu balanço financeiro enquanto enfrenta uma série de dificuldades, incluindo uma greve de trabalhadores e problemas em suas linhas de produção.
Além disso, a empresa também firmou um acordo de crédito de US$ 10 bilhões (R$ 56 bilhões) com um consórcio de bancos.
A empresa busca alternativas de financiamento para enfrentar a pior crise de sua história recente. As ações da Boeing caíram cerca de 43% neste ano, e a companhia enfrenta a possibilidade de perder seu status de grau de investimento, devido à pressão de agências de classificação de risco, como a S&P Global Ratings. Essas agências alertaram para um possível rebaixamento da nota de crédito da Boeing, dada a magnitude dos problemas que a empresa enfrenta.
A greve de trabalhadores, em especial, tem gerado prejuízos significativos. A S&P estima que o impacto financeiro da greve está acima de US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões) por mês, com as negociações entre a empresa e os sindicatos em um impasse. Os trabalhadores, que atuam em setores críticos de produção, reivindicam melhores condições de trabalho e segurança. A paralisação afeta diretamente a capacidade da Boeing de atender aos pedidos e compromete a retomada de sua produção, criando um desafio adicional para a administração da empresa.
Para garantir que a empresa tenha fôlego financeiro, a Boeing apresentou um "universal shelf registration" – um mecanismo que permite captar recursos de diferentes formas, conforme necessário, ao longo dos próximos três anos. Esse tipo de registro oferece flexibilidade, possibilitando à Boeing levantar fundos conforme as oportunidades de mercado e as necessidades financeiras surgirem.
Além das dificuldades operacionais, a Boeing enfrenta a necessidade de cortar custos. Em comunicado recente, o novo CEO Kelly Ortberg anunciou a demissão de cerca de 17 mil funcionários, ou 10% de sua força de trabalho global. Ortberg, que assumiu o cargo em agosto, destacou a necessidade de a Boeing concentrar seus esforços nas áreas fundamentais para o sucesso da empresa a longo prazo.
A decisão de reduzir a equipe faz parte de um esforço mais amplo para tornar a empresa mais enxuta e adaptável às novas realidades de mercado. Ortberg também compartilhou resultados financeiros preliminares que apontam para prejuízos em suas divisões de defesa e aviação comercial, com encargos estimados em US$ 5 bilhões (R$ 28 bilhões). As divisões têm enfrentado desafios não só devido à crise atual, mas também por conta de problemas técnicos e regulatórios nos modelos de aeronaves mais novos. Em meio à turbulência, a Boeing conta com a linha de crédito de US$ 10 bilhões (R$ 56 bilhões) obtida com um consórcio de bancos para fornecer liquidez adicional.
A empresa destacou que, até o momento, não fez uso dessa linha de crédito nem de seu crédito rotativo existente. Esse suporte financeiro imediato visa dar à Boeing a flexibilidade necessária para enfrentar o cenário atual, ao mesmo tempo, em que busca fontes de financiamento de longo prazo.