Funcionários processam gado abatido no abatedouro do Grupo Marfrig, em Promissão (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de janeiro de 2014 às 19h42.
São Paulo - O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) oficializou nesta quarta-feira, 22, a decisão de adiar o resgate de debêntures (títulos da dívida) da empresa de alimentos Marfrig em 18 meses, empurrando o vencimento para janeiro de 2017.
Oficialmente, a decisão foi tomada em assembleia de acionistas, mas o martelo foi batido basicamente pelo BNDES, uma vez que o banco é o detentor de 99,6% do total da operação, que soma R$ 2,15 bilhões.
Essa nova operação é, na verdade, a rolagem de outros títulos da dívida, no valor de R$ 2,5 bilhões, com a intenção de financiar a compra da americana Keystone Foods - a principal fornecedora para o McDonalds nos Estados Unidos - pelo Marfrig, em 2010.
Com a rolagem da dívida, o preço-alvo para a ação diminuiu de R$ 24,50 para R$ 21,50. À primeira vista, pode parecer um bom negócio para o banco. O problema é que, mesmo com a redução de valor, o banco está pagando um forte prêmio em relação ao preço atual das ações da Marfrig, que hoje valem menos de R$ 5 na BM&FBovespa.
Como as debêntures são conversíveis em ações, isso quer dizer que, caso o valor dos papéis do Marfrig não seja multiplicado por cinco até 2017, o BNDES poderá acabar pagando bem mais para aumentar sua fatia na empresa do que teria de desembolsar se simplesmente fosse ao mercado financeiro adquirir os papéis.
O que aconteceu nesta quarta foi a ratificação de uma operação que foi anunciada logo após o ano-novo. O adiamento e a manutenção do preço acima de R$ 20 foram interpretados pelo mercado como uma nova chance do banco de fomento à empresa. Atualmente, o BNDES já é o segundo maior acionista da companhia de alimentos, com 19,63% do capital.
Nos últimos anos, a Marfrig vem trabalhando para reduzir seu endividamento. Em 2013, vendeu a marca Seara para a rival JBS, reduzindo seus débitos em R$ 5,85 bilhões.