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BlackRock alerta para decepção com apostas em juros nos EUA

Embora alguns investidores estejam posicionados para que o Federal Reserve comece a reduzir as taxas já no primeiro trimestre

BlackRock: analistas não veem corte de juros dos EUA no começo de 2024 (Shannon Stapleton/Reuters)

BlackRock: analistas não veem corte de juros dos EUA no começo de 2024 (Shannon Stapleton/Reuters)

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 5 de dezembro de 2023 às 15h36.

A BlackRock diz que o otimismo do mercado quanto ao alcance dos cortes dos juros no próximo ano pode estar indo longe demais e recomenda evitar títulos com vencimento mais longo.

Embora alguns investidores estejam posicionados para que o Federal Reserve comece a reduzir as taxas já no primeiro trimestre, estrategistas da BlackRock esperam que o afrouxamento só seja iniciado em meados do ano.

“Vemos o risco de essas esperanças serem frustradas”, escreveram estrategistas como Wei Li e Alex Brazier. “Juros mais altos e maior volatilidade definem o novo regime.”

Nesse ambiente, a gestora de ativos prefere títulos de curto e médio prazos como fonte de rendimento, mas permanece “underweight” em títulos do Tesouro dos EUA de longo prazo em sua alocação estratégica, de acordo com o “2024 Global Outlook” publicado pelo BlackRock Investment Institute.

Como a expectativa é que as taxas permaneçam acima dos níveis pré-pandemia, a BlackRock também rebaixou a sua visão estratégica de longo prazo para ações de mercados desenvolvidos para neutra, citando “valuations” elevados e fraco cenário econômico. Ainda mantém uma posição “overweight” em empresas relacionadas com inteligência artificial.

“Os mercados oscilam entre as esperanças de um pouso suave e receio de uma recessão”, escreveram. “Esse não é o ponto. A economia está se normalizando após a pandemia e sendo moldada por fatores estruturais. A desconexão resultante entre a narrativa cíclica e a realidade estrutural alimenta ainda mais a volatilidade.”

As restrições de oferta causadas pela geopolítica, o encolhimento da força de trabalho como consequência do envelhecimento da população e a transição para uma economia de baixo carbono propiciam mudanças que resultarão em menor crescimento, inflação estagnada acima das metas oficiais e maior incerteza, alertou a BlackRock. Isso cria o tipo de ambiente volátil onde gestores ativos se destacarão, disseram os estrategistas.

Fora de sincronia

Ainda assim, as recomendações podem parecer dessincronizadas com os recentes movimentos do mercado.

Ações e títulos, de curto ou de longo prazo, subiram. A volatilidade caiu à medida que traders abraçaram a narrativa de que o Federal Reserve teria encerrado o aperto monetário. Agora o foco está em quando o Fed começa a cortar as taxas e quanto.

Traders reforçaram apostas em cortes dos juros nas últimas semanas em meio a dados que mostraram desaceleração da inflação e da economia. Os mercados monetários implicam atualmente que o Fed vai começar a reduzir as taxas em maio, com cortes de pelo menos 125 pontos-base no próximo ano tanto do banco central dos EUA quanto do BCE.

O crescente peso da dívida dos EUA é outra razão para evitar Treasuries de longo prazo, disse a BlackRock.

Se as taxas permanecerem perto de 5%, dentro de alguns anos o governo poderá acabar gastando mais em pagamentos de juros do que em benefícios de saúde, escreveram os estrategistas. Isso poderá levar a uma inflação enraizada e a um crescimento instável, à medida que os bancos centrais tentam responder a uma economia frágil com cortes agressivos nas taxas, como fizeram no passado.

“Isso aumenta o risco a longo prazo de uma inflação mais elevada, pois os bancos centrais se tornam menos agressivos em relação à inflação”, afirma o relatório. “Também vemos um aumento no prêmio do prazo, ou a recompensa que investidores exigem para ficar com títulos de longo prazo.”

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