Mercados

Biden é "boa solução" para mercados no curto prazo, diz Garde Asset

Segundo Marcelo Giufrida, CEO da gestora, mercado renova otimismo nesta tarde com resultado da eleição mais favorável para Biden e Senado ainda republicano

Para Marcelo Giufrida, CEO da Garde Asset, vitória de Biden é "boa solução" para mercados (Callaghan O'Hare/Reuters)

Para Marcelo Giufrida, CEO da Garde Asset, vitória de Biden é "boa solução" para mercados (Callaghan O'Hare/Reuters)

PB

Paula Barra

Publicado em 4 de novembro de 2020 às 16h59.

Última atualização em 4 de novembro de 2020 às 17h39.

As bolsas de valores têm ganhos expressivos nesta quarta-feira, 4, com investidores de olho na contagem dos votos na eleição dos Estados Unidos. Às 16h38, horário de Brasília, os principais índices acionários americanos operavam perto de suas máximas do dia, assim como o Ibovespa, embora com variação um pouco menor. Enquanto o S&P 500, Dow Jones e Nasdaq avançavam 2,57%, 2,88% e 4,00%, respectivamente, o índice brasileiro subia 2,08%, para 97.973 pontos. 

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Segundo Marcelo Giufrida, sócio e CEO da Garde Asset, o mercado se anima depois de reviravolta no resultado da eleição e com chances baixas de os democratas levarem o Senado, lembrando que a contagem mudou muito ao longo desta manhã. Durante a madrugada, Donald Trump vencia em estados decisivos, como o Michigan, mas conforme mais votos foram contabilizados, a vantagem mudou para Joe Biden.

De acordo com ele, talvez os mercados não esperassem um resultado tão apertado, mas, com esse movimento mais pró-Biden e o Senado ainda republicano, o que pode tirar o ímpeto dos democratas em aumentar a tributação, o otimismo é renovado. “Os mercados estão indo muito bem, e Biden pode se declarar ganhador ainda hoje”, comenta. 

Para ele, Biden acaba sendo “uma boa solução” para os mercados no curto prazo, por ser um presidente menos voltado para o atrito, que poderia restaurar relações históricas com a Europa e reativar plataforma mais construtiva com a China e com Oriente Médio. 

“Essa plataforma mais centrista de Biden é bem apreciada pelo mercado financeiro, por mitigar maiores sobressaltos, e o Senado mais republicado cria barreira para aumento de impostos. As bolsas subindo hoje mostram essa melhora na percepção de risco”, explica. Além disso, olhando para o câmbio, mais cedo, comenta, o peso mexicano chegou a desvalorizar quase 2,5% frente ao dólar com um placar mais favorável a Trump e agora se valoriza, assim como o real. Neste momento, o dólar comercial recuava 2%, indo a 5,647 reais na venda. 

Ibovespa vs. bolsas americanas

Segundo ele, o Ibovespa também sobe hoje, na esteira das bolsas americanas, mas talvez com uma variação um pouco menor por causa de temor com possível retaliação no caso de um governo Biden, lembrando do alinhamento político do presidente brasileiro Jair Bolsonaro com Trump. “Isso deixa os investidores ainda com um pé atrás”, comenta. 

Além disso, aponta, o Brasil está passando, "infelizmente, por um mau momento em vários aspectos”, com dívida grande, uma economia que não cresce há anos e uma agenda macro e microeconômica que avança a passos de tartaruga. “Não achamos que o país vai ser o mais quente para investimentos”, diz Giufrida. 

No mais, destaca, a própria composição do Ibovespa não contribui para um desempenho melhor, uma vez que o índice ainda está muito atrelado a empresas de commodities e financeiras, enquanto tem baixa participação de empresas expostas ao setor de tecnologia, que é o que tem puxado o movimento lá fora. 

Ainda assim, de forma geral, vê o desempenho dos mercados hoje mais como uma celebração, diante de um desenho até agora favorável da corrida presidencial, embora lembre que a situação ainda inspira cautela, uma vez que Trump vai tentar judicializar a eleição, caso o cenário atual se materialize.

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