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BCE reduz juros para 2,5% e sinaliza possível pausa em cortes

Autoridade afirma que política está “significativamente menos restritiva”, e tenta se equilibrar entre crescimento fraco e ameaça de tarifas e novo motor fiscal da Alemanha

Lagarde: Aumento nos gastos com defesa e infraestrutura pode pesar sobre inflação (Alex Kraus/Bloomberg)

Lagarde: Aumento nos gastos com defesa e infraestrutura pode pesar sobre inflação (Alex Kraus/Bloomberg)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 6 de março de 2025 às 12h24.

Última atualização em 6 de março de 2025 às 14h30.

O Banco Central Europeu (BCE) hoje reduziu as taxas de juros básicas em 0,25 ponto percentual, um movimento amplamente esperado pelo mercado.

Após seis cortes consecutivos, que levaram as taxas de recordes de 4% em junho, para os 2,5% atuais, o futuro da política monetária na Zona do Euro agora está mais incerto, em meio a ameaça de tarifas de Donald Trump e ao aumento expressivo de gastos militares e defesa pela Alemanha, a maior economia do bloco.

No comunicado após a decisão de hoje, o BC sinalizou uma possível pausa nos cortes. No anúncio, a autoridade monetária disse que a “política monetária está ficando significativamente menos restritiva” em contraposição à afirmação feita na reunião anterior de que a política monetária “continuava restritiva”.

Em coletiva de imprensa, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que a nova formulação era uma “mudança significativa” e não apenas “pequena e inócua”.

A inflação caiu de um pico de 10,6% em outubro para 2,4% em fevereiro e agora as taxas básicas de juros estão no seu menor nível desde fevereiro de 2023.

Nos mercados futuros, os investidores reduziram suas em cortes de juros no futuro. A curva precifica um corte novo corte de 0,25 ponto percentual este ano, mas a chance de uma segunda redução este ano caiu de 85% para 65%.

Em projeções feitas antes da decisão da Alemanha de aumentar os gastos com defesa, o Banco Central reduziu sua projeção de crescimento da Zona do Euro pela sexta vez consecutiva e agora espera que o PIB cresça apenas 0,9% este ano, contra expectativa anterior de 1,1%.

“Uma alta incerteza, tanto no ambiente doméstico quanto internacional, está segurando investimentos e a os desafios de competitividade estão pesando sobre as exportações”, disse Lagarde.

Por outro lado, o novo motor fiscal na Alemanha sob o comando de Friedrich Merz pode aumentar a inflação e a atividade no continente.

Alguns analistas estimam que a injeção de recursos pode fazer o PIB alemão subir até 2% nos próximos dois anos.

Nessa esteira, o euro vem ganhando valor em relação ao dólar nesta semana – um movimento ampliado hoje, após o comunicado do BCE.
Lagarde disse que “um aumento nos gastos com defesa e infraestrutura pode aumentar o crescimento e aumentar inflação por meio dos seus efeitos na demanda agregada”.

Em nota a clientes, o Goldman Sachs disse que a nova postura alemã reduz a pressão para que o BCE corte as taxas de juros para baixo de 2%.

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