São Paulo – “O Banco Central deve responder apenas à inflação monetária, não às pressões dos mercados”. Essa é a visão de Alfredo Coutiño, diretor para América Latina da Moody’s Analytics. A frase do economista faz parte de um relatório obtido por EXAME.com e publicado nesta manhã, antes da decisão do BC de elevar as exigências de compulsório e retirar 61 bilhões de reais da economia brasileira para conter a disponibilidade de crédito e “permitir a continuidade do desenvolvimento sustentável do mercado”, mostra nota.
Em entrevista para EXAME.com, Coutiño afirma que recebeu a notícia de forma positiva e que vê 3 razões por trás da decisão. “Primeiro, eles responderam às preocupação de excesso de liquidez na economia, que precisaria ser reduzida para promover a estabilidade de preços e evitar a aceleração da inflação”, explica. O segundo ponto, segundo o economista, é que o BC está convencido de que a alta nos preços é transitória e não há necessidade de novas altas nos juros. “Portanto, com o objetivo de reduzir as pressões dos mercados para um aperto, eles decidiram fazê-lo pela quantidade de dinheiro (exigências de reservas) do que pelo custo do dinheiro (taxas de juros)”, afirma.
Por fim, o diretor da Moody’s Analytics ressalta que Meirelles está atuando com uma gestão monetária prudente e, por isso, não irá elevar o juro em dezembro para evitar a imposição de pressões para uma continuidade do aperto para o novo presidente do BC, Alexandre Tombini. O Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne nos dias 7 e 8 de dezembro para a última reunião do ano. A expectativa é de manutenção da Selic em 10,75% ao ano.
“As medidas macroprudenciais são as decisões corretas para aplacar as pressões do mercado e para ajudar o Tombini durante o primeiro mês no cargo. De fato, uma gestão monetária consistente não deve responder às pressões do mercado por meio de uma elevação dos juros, apenas para trazer felicidade para os mercados”, explica. Por isso, afirma Coutiño, o novo presidente não deve elevar os juros porque a inflação é transitória e depende da consistência da política, “e não de aplausos do mercado”, finaliza.