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Bancos e corretoras revisam projeções para o dólar com insegurança fiscal

A piora de cenário veio na esteira de forte reação negativa dos mercados financeiros na semana passada à proposta do governo de romper o teto de gastos

JP: para estrategistas da instituição, um Banco Central mais duro na política monetária não seria suficiente para reverter a direção de alta do dólar contra o real neste momento. (Igor Golovniov/Getty Images)

JP: para estrategistas da instituição, um Banco Central mais duro na política monetária não seria suficiente para reverter a direção de alta do dólar contra o real neste momento. (Igor Golovniov/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 25 de outubro de 2021 às 09h03.

O vendaval no noticiário político-fiscal doméstico na semana passada já provocou revisões para cima nas estimativas para o dólar ante o real, num momento em que a moeda norte-americana mostra força no exterior por expectativas de menor liquidez conforme o banco central norte-americano se prepara para reduzir estímulos.

O Banco Central do Brasil divulga ainda na manhã desta segunda-feira a atualização semanal do relatório Focus, que deve trazer mudanças nas previsões para uma série de variáveis macroeconômicas.

O Credit Suisse passou a ver taxa de câmbio de 5,50 por dólar ao fim de 2021 e 2022 --antes, o banco calculava dólar de 5,20 reais para ambos os períodos.

A piora de cenário pela instituição suíça veio na esteira de forte reação negativa dos mercados financeiros na semana passada à proposta do governo de romper o teto de gastos, o que levou o dólar futuro a superar os 5,76 reais no pior momento da sexta-feira.

Na mesma toada, a Necton Investimentos passou a ver cotação de 5,55 reais ao fim deste ano, acima da taxa de 5,40 reais prevista anteriormente.

O Santander Brasil ajustou na última quinta-feira sua estimativa para a taxa cambial, vendo dólar de 5,35 reais ao fim deste ano, acima do patamar de 5,25 reais da projeção anterior. O banco manteve o prognóstico de 5,55 reais para a conclusão de 2022.

"Com os ventos do exterior mudando de direção, riscos idiossincráticos continuam a pressionar os prêmios de risco e os ços de ativos domésticos. Além de um aumento do risco global, ncertezas persistem internamente no âmbito fiscal e no nível político-institucional, com a proximidade das eleições presidenciais", disse a economista-chefe do banco, Ana Paula Vescovi, e seu time econômico em relatório.

Em relatório divulgado no término da semana passada, o Morgan Stanley foi curto e direto: "Fiquem vendidos em real". Para estrategistas da instituição, um Banco Central mais duro na política monetária não seria suficiente para reverter a direção de alta do dólar contra o real neste momento.

"Notamos que as manchetes recentes apontam mais ruído fiscal à frente, como detalhes em torno da implementação do programa Auxílio Brasil a serem acertados entre governo e Congresso", afirmaram os profissionais no documento.

O Morgan recomenda posição em "knock-out calls" em opções de dólar/real para três meses ATMF (no dinheiro, ou seja, com preço do ativo-objeto igual ou muito próximo ao do exercício).

"Knock-out calls" envolvem uma estratégia de opção com barreiras --no caso, de 5,90 reais por dólar. Na prática, a recomendação indica percepção de que o dólar pode se aproximar desse patamar.

"É uma aposta com custo atraente numa trajetória de baixa do real nas próximas semanas", disseram os profissionais do Morgan.

Dados de uma agência dos Estados Unidos mostraram que especuladores que operam na Bolsa Mercantil de Chicago tornaram a vender contratos de reais, elevando posições pessimistas na moeda brasileira em meio à forte pressão cambial no Brasil diante de temores sobre a trajetória das contas públicas.

O dólar à vista fechou em queda de 0,77%, a 5,6244 reais na venda, na sexta-feira, com alívio após declaração conjunta do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas a moeda ainda acumulou na semana um salto de 3,11%, o mais expressivo desde julho. No ano, a cotação dispara 8,34%.

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