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Reino Unido: títulos públicos entram em crise e BC intervêm no mercado

A operação extraordinária do Banco da Inglaterra ocorre após a disparada das rentabilidades dos títulos do Tesouro britânico após o pacote fiscal apresentado pelo governo

Banco da Inglaterra (Carl Court/AFP/Exame)

Banco da Inglaterra (Carl Court/AFP/Exame)

O Banco da Inglaterra anunciou nesta quarta-feira, 28, que vai intervir no mercado da dívida pública do Reino Unido comprando títulos do Tesouro Nacional, os "Gilt".

O anúncio foi feito pelo Twitter, no perfil oficial do Banco da Inglaterra, que explicou como "O Banco vai fazer compras de títulos da dívida pública de longo prazo" e que a "operação será integralmente financiada pelo Tesouro".

Além da recompra, a instituição monetária central de Londres decidiu suspender o programa de venda dos títulos que já tinha adquirido nos últimos anos, durante as fases mais agudas da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). O objetivo era de reduzir o portfólio do banco, atualmente em 838 bilhões, de 80 bilhões de libras. Essas vendas poderão ser retomadas, eventualmente, na próxima semana.

"A meta anual de uma redução de estoque de 80 bilhões de libras não foi afetada e inalterada. Face às atuais condições de mercado, o Executivo do Banco adiou o início das operações de venda de Gilt que deveriam ter início na próxima semana. As primeiras operações de venda de dourados terão lugar a 31 de outubro e prosseguirão a partir dessa data", salientou o Banco da Inglaterra em nota.

Banco da Inglaterra alerta sobre risco para estabilidade financeira do Reino Unido

Segundo o Banco Central do Reino Unido, a operação visa "restaurar as condições normais de mercado", em um momento de "risco material para a estabilidade financeira do Reino Unido", já que os rendimentos dos títulos da dívida pública dispararam nos últimos dias após os anúncio do pacote fiscal do governo.

"O Banco está monitorando de perto os desenvolvimentos nos mercados financeiros à luz da significativa reprecificação dos ativos financeiros do Reino Unido e globais. Essa reprecificação tornou-se mais significativa no último dia – e está afetando particularmente a dívida do governo do Reino Unido de longa data. Se a disfunção neste mercado continuar ou piorar, haverá um risco material para a estabilidade financeira do Reino Unido. Isso levaria a um aperto injustificado das condições de financiamento e a uma redução do fluxo de crédito para a economia real", informou o Banco da Inglaterra em nota.

Após o anúncio do Banco Central de Londres, a taxa de juros sobre os títulos da dívida pública com vencimento em 30 anos, que havia atingido seu nível mais alto desde 1998, passou de 5,14% no início do pregão para 4,73%.

Banco da Inglaterra e governo britânico atuando para acalmar os mercados

O ministro da Economia do Reino Unido, Kwasi Kwarteng, iniciou uma série de reuniões com banqueiros na tentativa de acalmar os mercados e, presumivelmente, pedir aos bancos britânicos que não apostem contra a libra. Todavia, o pacote fiscal apresentado pelo governo de Londres está sendo criticado até mesmo pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que alertou como "pacotes fiscais grandes e não direcionados podem aumentar as desigualdades na Grã-Bretanha e minar a política monetária".

O Banco de Inglaterra alertou ainda para a perspectiva de um "aperto das condições de financiamento e redução do fluxo de crédito à economia real". A decisão segue os movimentos de vários fundos de pensão que nos últimos dias enfrentaram demandas urgentes de liquidez adicional por gestores após o colapso nos preços dos títulos do governo.

O Banco da Inglaterra vai "comprar temporariamente títulos da dívida pública do Reino Unido com longos vencimentos a partir do dia 28 de setembro" e que "as compras serão realizadas em qualquer escala seja necessária para obter esse resultado".

O governo britânico, por sua vez, reafirmou que vai garantir "a independência do Banco da Inglaterra" e que vai "continuar a trabalhar em contato direto com o Banco suportando seus objetivos de estabilidade financeira e de inflação".

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