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Banco dinamarquês usou ouro para esconder dinheiro de clientes

Danske Bank ajudou clientes ricos a manter suas fortunas escondidas, de acordo com documentos vistos pela Bloomberg

Além de oferecer proteção contra riscos, o Danske ofereceu ouro como uma maneira de os clientes conseguirem o “anonimato”. (foto/Thinkstock)

Além de oferecer proteção contra riscos, o Danske ofereceu ouro como uma maneira de os clientes conseguirem o “anonimato”. (foto/Thinkstock)

TL

Tais Laporta

Publicado em 16 de novembro de 2019 às 08h00.

Última atualização em 16 de novembro de 2019 às 11h12.

No auge do escândalo que envolveu o Danske Bank, o banco dinamarquês começou a oferecer barras de ouro a clientes ricos para ajudá-los a manter as fortunas escondidas, de acordo com documentos vistos pela Bloomberg.

A agência do banco na Estônia, que já estava transferindo bilhões de dólares de clientes para contas no exterior, disse a um seleto grupo de correntistas, principalmente da Rússia, que também podiam converter o dinheiro em barras e moedas de ouro, de acordo com documentos referentes a períodos desde meados de 2012.

Além de oferecer proteção contra riscos, o Danske ofereceu ouro como uma maneira de os clientes conseguirem o “anonimato”, de acordo com os documentos. A instituição também alegou na época que recorrer ao ouro garantia a “portabilidade” dos ativos, segundo uma apresentação interna de junho de 2012.

Um porta-voz do Danske Bank não quis comentar. No relatório de setembro de 2018 do Danske sobre sua unidade não residente, o banco listou os serviços que prestava aos clientes. Além dos pagamentos, os serviços incluíam a criação de linhas de câmbio, bem como a negociação de títulos e valores mobiliários. O banco não registrou as vendas de barras de ouro.

O Danske Bank, que está sendo investigado em toda a Europa e nos EUA por não ter identificado US$ 220 bilhões desviados de sua unidade na Estônia de 2007 a 2015, encerrou as operações no centro do escândalo. Isso depois que as autoridades locais decidiram banir o Danske do mercado quando o escopo do caso foi revelado.

Jakob Dedenroth Bernhoft, um advogado de Copenhague especializado em questões de conformidade e lavagem de dinheiro, disse: “Me intrigou o fato de o próprio relatório do banco sobre o caso não ter descoberto isso. Este é um serviço totalmente contra as leis de lavagem de dinheiro. Definitivamente, é suspeito.”

“O ouro é um grande trunfo para a lavagem de dinheiro, pois tem valor constante”, disse. “Você pode vendê-lo sem perder muito valor e receber dinheiro e um recibo em mãos. Se comprar um carro ou algo parecido, o valor cai imediatamente.”

Não se sabe o volume de ouro que o Danske conseguiu vender enquanto a extinta unidade da Estônia ainda estava em operação. Mas, de acordo com um e-mail interno visto pela Bloomberg, pelo menos alguns clientes usaram o serviço. O serviço também foi oferecido a clientes locais de private banking.

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