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Bancários ficam US$ 12,5 bi mais ricos desde o colapso do Lehman

O colapso submeteu os bancos a fortes críticas de legisladores e de milhões de americanos que perderam casa e emprego

Funcionário do banco Lehman Brothers (Chris Hondros/Getty Images/Getty Images)

Funcionário do banco Lehman Brothers (Chris Hondros/Getty Images/Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 14 de setembro de 2018 às 14h58.

Última atualização em 14 de setembro de 2018 às 14h58.

(Bloomberg) -- As opções de compra de ações concedidas no pior momento da crise financeira renderam bilhões de dólares aos funcionários de alguns dos maiores bancos dos EUA, ao passo que a promessa de grandes renumerações desapareceu para outros quando as ações de suas firmas definharam.

Funcionários do Goldman Sachs, do Wells Fargo e do JPMorgan ganharam cerca de US$ 12,5 bilhões com opções de ações exercidas nos dez anos seguintes ao colapso do Lehman Brothers Holdings, porque algumas ações de bancos tiveram uma boa recuperação.

No Morgan Stanley, no Bank of America e no Citigroup, milhões de opções foram canceladas ou venceram sem ter valor em meio aos efeitos do pior desastre econômico desde a Grande Depressão.

“Alguns se beneficiaram, outros não – essa é a intenção da remuneração com base no desempenho”, disse Fabrizio Ferri, professor associado de contabilidade da Universidade de Miami. “Os céticos dirão que o desempenho não dependeu tanto das pessoas, mas de fatores fora do controle delas, e que elas se beneficiaram porque estiveram no lugar certo na hora certa.”

O colapso submeteu os bancos a fortes críticas de legisladores e de milhões de americanos que perderam casa e emprego. Hoje, a maioria dessas empresas está menos rentável do que antes da forte queda de 2008, em parte como resultado de regulamentações mais estritas. Investidores analisaram com atenção os programas de compensação, culpados por estimular uma tomada de risco excessiva, e obrigaram os conselhos a diminuir os salários e vinculá-los mais estreitamente ao desempenho.

No entanto, os funcionários dos bancos em geral estão indo bem. Alguns deles foram obrigados a ajustar seu padrão de vida, mas os empregos no setor de serviços financeiros continuam entre os mais bem pagos das corporações americanas.

O conjunto de bonificações para os funcionários de bancos dos EUA no ano passado foi o maior desde 2007, segundo uma pesquisa do escritório de advocacia Linklaters. E alguns prêmios em opções concedidos durante a crise com a intenção de convencer os trabalhadores a atravessar a turbulência deram recompensas generosas aos titulares no longo prazo.

É o caso do Goldman Sachs. Em dezembro de 2008, o banco concedeu cerca de 36 milhões de opções e 20,6 milhões de ações restritas para convencer altos funcionários e alguns diretores a ficar. As opções, com um preço de exercício de US$ 78,78, geraram quase US$ 3 bilhões em lucros antes de impostos para os trabalhadores, segundo dados compilados de fatos relevantes. As ações do Goldman quase triplicaram desde aquele momento e encerraram a terça-feira a US$ 230,21.

Trabalhadores do Wells Fargo obtiveram quase US$ 4,4 bilhões em lucros antes de impostos com opções no mesmo período, em parte graças aos 80,7 milhões de contratos concedidos no começo de 2009, quando as ações do banco caíram para o valor mais baixo em 13 anos.

No JPMorgan, cujas ações tiveram um desempenho superior ao dos bancos de maior porte desde que o Lehman pediu a recuperação judicial, os funcionários levaram para casa quase US$ 3,2 bilhões obtidos com o exercício de opções e bonificações similares.

“As pessoas que dirigiam a maioria das grandes instituições que tiveram problemas, eu provavelmente não devo dizer o nome de ninguém, mas elas enriqueceram”, disse Warren Buffett, o bilionário presidente da Berkshire Hathaway, ao Wall Street Journal. “Elas podem até terem caído em desgraça, mas elas enriqueceram.”

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