Dez entidades, entre elas a Febraban e a B3, pedem para os que os feriados bancários sejam mantidos em seus dias originais (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de maio de 2020 às 11h37.
Última atualização em 19 de maio de 2020 às 11h40.
Entidades que representam instituições financeiras pedem, em carta ao governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), à qual o Broadcast teve acesso, para que o setor seja excluído da antecipação de feriados no Estado estudada por ele. A medida, que ainda depende de votação na Assembleia Legislativa paulista, anteciparia os feriados de Corpus Christi e da Consciência Negra para quarta (20) e quinta-feira (21), e o feriado da Revolução Constitucionalista para segunda-feira (25).
Na capital paulista, o prefeito Bruno Covas assinou na manhã desta terça-feira o decreto que antecipou os feriados de Corpus Christi e da Consciência Negra para esta semana. No âmbito municipal e no estadual, a ideia é aumentar a taxa de isolamento social para evitar um avanço ainda mais rápido da covid-19 - São Paulo é o Estado com mais casos confirmados da doença no País.
Na carta enviada a Doria, dez entidades, entre elas a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e a B3, pedem para os que os feriados bancários referentes às datas sejam mantidos em seus dias originais caso o governo de fato antecipe os feriados.
Os órgãos afirmam que a "decretação súbita e imprevista" de feriados levanta problemas, "alguns incontornáveis", de natureza social, operacional e jurídica. Um deles seria o fechamento de agências bancárias em meio ao pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 prestado pelo governo federal. O pagamento da segunda parcela foi iniciado na segunda-feira, 18.
Em termos operacionais, argumentam as entidades, a antecipação de feriados interromperia a compensação de cheques e títulos, a geração de multas e encargos sobre atrasos em pagamentos, e a "paralisação de milhões de transações". O texto fala ainda em risco sistêmico por conta do impacto dos feriados sobre sistemas automatizados, e em problemas para empresas exportadoras, devido às operações de proteção cambial (hedge) que costumam contratar.
O documento também argumenta que com a redução do horário de atendimento nas agências físicas, adotada por conta da covid-19, já houve redução significativa do fluxo de pessoas nas unidades.
A carta é assinada, entre outros, por Sérgio Rial, CEO do Santander e também presidente do Conselho de Representantes da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF); Ricardo Gelbaum, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC); Carlos Ambrósio, presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima); Gilson Finkelsztain, presidente da B3; e Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Também endossam o documento a Associação Brasileira de Bancos Internacionais (ABBI), a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), a Associação Brasileira das Empresas de Leasing (ABEL), a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) e a Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos de Valores, Câmbio e Mercadorias (Ancord).