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Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2011 às 18h39.
As mudanças macroeconômicas deste final de 2008 terão forte impacto no varejo no próximo ano. O crédito mais caro e a expectativa de desaceleração do crescimento da economia brasileira para algo em torno de 2,5% em 2009 vão reduzir o crescimento das empresas do setor.
O banco Credit Suisse divulgou relatório nesta segunda-feira em que prevê queda de 3% nas vendas do varejo brasileiro no próximo ano - contra alta de 10,4% nos nove primeiros meses de 2008. Além disso, o dólar caro deve reduzir a venda de produtos importados e incentivar a substituição por similares fabricados no Brasil.
Para a Fator Corretora, entre as grandes varejistas com ações listadas na Bovespa, a B2W é a que deve sofrer o maior impacto nesse novo cenário. A empresa originária da fusão Americanas.com-Submarino tem um valor médio de vendas mais alto que suas concorrentes (cerca de 300 reais) e praticamente todas as suas vendas são feitas a prazo.
Em seguida, também serão bem afetadas as varejistas de vestuário Guararapes (dona das lojas Riachuelo) e a Lojas Renner. As duas empresas também dependem muito das vendas a prazo e boa parte de suas receitas é obtida com produtos financeiros comercializados por bancos dentro de suas lojas.
Por outro lado, a Fator acredita que o Pão de Açúcar e a Lojas Americanas devem ser as varejistas menos afetadas pela crise, uma vez que o valor médio das compras é baixo, uma parcela muito pequena das vendas é financiada e seu faturamento não depende da comercialização de serviços financeiros. Veja abaixo as expectativas da corretora para as seis empresas de varejo que possuem cobertura:
B2W: a previsão é de que seja a mais afetada pela crise. Além da grande dependência do crédito e do alto valor das vendas, a B2W deve ter dificuldade para obter empréstimos de bancos para financiar os clientes, já que a probabilidade de aumento da inadimplência é maior em empresas que trabalham com cartões private label - aqueles com a marca da própria varejista e que só servem para compras nela mesma.
Apesar da previsão negativa, a Fator indica compra das ações da empresa, com preço-alvo de 36,80 reais para o final de 2009. A corretora acredita que a B2W continua a ter um grande potencial de crescimento, já que o comércio eletrônico ainda é pequeno no Brasil e o número de novos compradores aumenta rapidamente a cada ano. Também é esperado que investimentos na concentração dos centros de distribuição tragam ganhos de sinergia para a B2W nos próximos anos.
Saraiva: as receitas da empresa dependem da edição e publicação de livros e - cada vez mais - da venda de títulos por meio de suas lojas ou na internet. Com a aquisição da Siciliano por 60 milhões de reais neste ano, a Saraiva passou a ter 99 lojas. Também possui boa participação no comércio eletrônico de livros e outros produtos.
A valorização das ações vai depender da continuidade do crescimento das receitas obtidas pela web, do aumento da receita por metro quadrado das lojas da Siciliano e da continuidade da aquisição de seus livros didáticos pelo governo. A Fator indica a compra das ações da Saraiva, com preço justo de 23,33 reais.
Guararapes: a empresa tem 99 lojas Riachuelo espalhadas pelo Brasil e um modelo de negócios integrado com a produção das roupas. A própria Guararapes produz 85% das artigos que comercializa. Desta forma, a empresa deve ter um ganho mais rápido que seus concorrentes com a queda do preço do petróleo e do algodão, que servem de matéria-prima para a fabricação de roupas.
Por outro lado, a alta do dólar deve corroer parte dessa redução de custos. Entre as vantagens competitivas da Guararapes, a Fator diz que ela costuma ser mais rápida que os concorrentes no lançamento de coleções. A corretora recomenda a manutenção das ações da Guararapes), com preço-justo de 27,62 reais.
Lojas Americanas: Opera 496 lojas em 19 estados e vende 60 mil itens. Na área de comércio eletrônico, atua com a B2W e o canal de vendas Shoptime. A Lojas Americanas possui um cartão private label em parceria com o Itaú, mas a parte de suas receitas que depende desse produto é muito pequena.
A empresa também possui baixa dependência das vendas a prazo e não sofrerá com a alta do dólar, já que a venda de produtos importados tem baixa participação no total. Por outro lado, como a empresa controla 55% das ações da B2W, sofrerá um impacto indireto do dólar e do crédito por meio de uma provável redução dos dividendos. A Fator indica a manutenção das ações da Lojas Americanas, com preço-alvo de 8,28 reais.
Pão de Açúcar: é um dos principais varejistas de alimentos do Brasil. Possui 581 lojas distribuídas por 14 estados e 19 centros de distribuição para abastecê-las. Possui praticamente todos os formatos de lojas. O segmento de supermercados e hipermercados deve ir melhor em um momento de crise do crédito, já que dedica-se à venda de produtos básicos.
Além disso, a bandeira Assai, adquirida no ano passado e especializada na venda de produtos no atacado para o consumidor final, deve continuar a elevar a receita da empresa nos próximos anos. O segmento mais exposto à crise do crédito e à alta do dólar é o de eletroeletrônicos, concentrado na bandeira Extra A Fator acredita que esses produtos terão menor peso na receita total nos próximos anos e recomenda a manutenção das ações do Pão de Açúcar , com preço-alvo de 38,68 reais.
Lojas Renner: está entre as três maiores empresas do varejo de roupas e calçados do Brasil, mas vende também cosméticos e acessórios. Deve ser bem afetada pela crise do crédito, já que 64% de suas vendas são financiadas. Assim como a B2W e a Guararapes, a Lojas Renner possui um cartão private label e fica mais exposta ao aumento da inadimplência.
Por outro lado, a Fator acredita que a Renner terá um ganho pequeno de margens com a queda do petróleo e do algodão, matérias-primas para a indústria têxtil. Como não produz as roupas vendidas como a Guararapes, parte desse ganho pode ficar com seus fornecedores. A Fator diz que as ações da Renner devem ter um desempenho abaixo da média de mercado e considera o preço-alvo de 17,40 reais.