Se a B2W não reconquistar participação de mercado e lucratividade, pode ter que encerrar as operações, disse analista do Banco do Brasil SA (Luis Ushirobira/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2012 às 15h55.
São Paulo - A B2W Cia. Global de Varejo, maior varejista online do Brasil e subsidiária da Lojas Americanas, caiu para a menor cotação em um mês depois de reportar o quinto prejuízo trimestral consecutivo.
As ações apresentavam queda de 5 por cento para R$ 10,01 às 15:18 em São Paulo, a menor cotação intradiária desde 27 de janeiro. A Lojas Americanas caía 4,9 por cento, enquanto o Ibovespa subia 0,9 por cento.
O prejuízo da B2W no quarto trimestre aumentou para R$ 28,8 milhões, segundo comunicado enviado para o website da empresa hoje. Os resultados da varejista ficaram em linha com a estimativa média de perda de R$ 29 milhões dos 10 analistas consultados pela Bloomberg.
“A gente sente que a empresa continua trabalhando para voltar a ser eficiente operacionalmente”, Priscila Tambelli, analista do Banco do Brasil SA, disse em entrevista por telefone de São Paulo hoje. “Uma política mais agressiva de preços e prazos mais alongados de entrega acabaram prejudicando a rentabilidade da companhia e afugentando consumidores.”
Se a B2W não reconquistar participação de mercado e lucratividade, pode ter que encerrar as operações, disse Priscila.
As vendas consolidadas da B2W aumentaram 2 por cento para R$ 1,18 bilhão no trimestre, enquanto apenas a controladora teve uma queda de 0,8 por cento nas vendas em comparação ao mesmo período do ano anterior.
“Medidas conservadoras de prazos de entrega destinadas a melhorar nosso serviço ao cliente limitaram nosso crescimento. Conjuntamente, uma política de preço e de frete mais agressiva prejudicou a nossa rentabilidade”, disse a empresa no comunicado.
Lucro da Lojas Americanas
A Lojas Americanas SA, segunda maior rede varejista do Brasil em valor de mercado, teve um aumento de 14 por cento no quarto trimestre, para R$ 180,2 milhões, acima da projeção média de nove analistas consultados pela Bloomberg, de um lucro ajustado de R$ 170 milhões no período.
O resultado “confirma a capacidade impressionante da Lojas Americanas de trabalhar seu mix com margens brutas bastante elevadas e bom controle de gastos”, escreveu a analista Juliana Rozenbaum, do Banco Itaú BBA SA, em relatório enviado hoje a clientes.
A B2W mostrou uma fraqueza que ofuscou a robustez dos resultados da Lojas Americanas, escreveu ela, que tem recomendação “market perform” para as duas ações.
A receita líquida da Lojas Americanas cresceu 7 por cento, para R$ 3,14 bilhões, segundo o comunicado, enquanto as vendas da B2W subiram 2 por cento, para R$ 1,18 bilhão. A empresa com sede no Rio de Janeiro abriu 90 novas lojas em 2011, abaixo das 101 previstas para o ano. A Lojas Americanas pretende abrir 400 novas lojas até o final de 2013.
Os resultados da B2W levantam dúvidas quanto à sua capacidade de recuperação sem precisar de ajuda adicional da controladora, escreveu Rozenbaum.
Os problemas de logística da B2W em 2011 levaram a atrasos nas entregas. Tribunais proibiram temporariamente a empresa de operar nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, depois de receber cerca de 20.000 reclamações. O Ministério da Justiça está investigando os atrasos.
No ano até ontem, a Lojas Americanas acumula alta de 28 por cento, comparado com uma alta de 17 por cento na B2W e valorização de 18 por cento no Ibovespa.