Ação da Azul dispara com mercado de olho em possível fusão com Latam | Foto: Avolon/Divulgação (Avolon/Divulgação)
Paula Barra
Publicado em 7 de junho de 2021 às 11h23.
Última atualização em 7 de junho de 2021 às 11h45.
As ações da Azul (AZUL4) disparam 7% nesta segunda-feira, 7, indo para 47,81 reais, a maior alta do Ibovespa, após o Bradesco BBI elevar a recomendação dos papéis de neutra para compra e praticamente dobrar o preço-alvo. No relatório divulgado domingo aos clientes do banco, os analistas Victor Mizusaki e Pedro Fontana apontam que acreditam que a possibilidade de uma fusão com a Latam acontecer é "muito provável".
Para eles, a aérea brasileira pode fazer uma proposta para adquirir as operações domésticas da Latam Brasil em até 90 dias.
A ideia seria buscar apoio dos credores da companhia para incorporar essa oferta no plano de reestruturação a ser apresentado até o dia 30 de junho e votado até 23 de agosto.
O preço-alvo dos papéis da Azul foi elevada de 38,00 reais para 75,00 reais para o fim de 2022, dando um potencial de valorização de 66% frente ao fechamento de sexta-feira. Com a alta de hoje, as ações AZUL4 são negociadas no maior patamar intradiário desde o fim de fevereiro do ano passado.
Nos cálculos dos analistas, as sinergias com a potencial fusão poderiam alcançar um valor presente líquido (VPL) de 9,5 bilhões de reais para a Azul, ou 19,00 reais por ação, assumindo que as operações domésticas da Latam Brasil sejam avaliadas em 822 milhões de dólares.
Para chegar nesse resultado, eles se basearam nos ganhos de sinergia de oito fusões e aquisições recentes no setor. Segundo Mizusaki e Fontana, em média, os ganhos de sinergias podem chegar a 5% das receitas combinadas. O piso é de 2,7%, o que ainda implicaria em uma adição de 14,00 reais para as ações da Azul, comentam.
Eles apontam ainda que, para evitar preocupações antitruste, a Azul pode propor a aquisição apenas das operações domésticas da Latam Brasil. Além disso, conforme observado nas transações mais recentes, eles avaliam que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode exigir que a Azul e a Latam Brasil devolvam determinados slots nos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont.
"A Azul não iria adquirir as operações internacionais da Latam Brasil, tendo em vista que as rotas Brasil-EUA poderiam levantar preocupações sobre a concentração do mercado, uma vez que a Delta Airlines detém 20% do Latam Group e a United Airlines detém 8% da Azul", argumentam.
No relatório, eles também revisaram para cima a recomendação dos American Depositary Receipts (ADRs) da Latam negociados no mercado de balcão em Nova York, de underperform (equivalente a venda) para neutro. O preço-alvo foi elevado de 1,00 dólar para 3,00 dólares.