Azul: se todas as dívidas de 2023 fossem pagas sem nenhuma negociação, empresa teria necessidade de R$ 3 bi de caixa no ano (NurPhoto / Contributor/Getty Images)
Repórter Exame IN
Publicado em 6 de março de 2023 às 16h44.
Última atualização em 6 de março de 2023 às 17h10.
Em sua teleconferência com analistas de mercado, a Azul (AZUL4) se propôs a dar mais detalhes sobre sua restruturação de dívida, embora o valor exato renegociado não tenha sido revelado. A negociação é com os arrendadores de aeronaves, que respondem por 80% da dívida da companhia, e se deve, explica John Rodgerson, CEO da Azul, aos problemas causados pela covid-19.
A proposta é que 60% da dívida seja convertida em ações e 40% em bonds com vencimento em 2030. Esses títulos de dívida serão emitidos em dólar e poderão ser negociados no mercado secundário. Hoje, diz a empresa, 90% dos arrendadores já estão em negociação. A perspectiva é encerrar as conversas em até três semanas.
O presidente da Azul diz que não se deve pensar em grande diluição. Isso porque a conversão seria considerando o cenário da "nova Azul", diz ele. Atualmente, o valor de mercado da companhia supera R$ 2,5 bilhões, um montante que ganhou especial impulso nesta segunda-feira, quando a ação saltou mais de 50%, com os investidores dando um voto de confiança para o plano de reestruturação.
A emissão de ações será do tipo preferencial, que não dá direito a voto tampouco participação no conselho de administração.
De acordo com a empresa, a negociação das dívidas vai dar um alívio de caixa de R$ 3 bilhões à companhia neste ano, quando deve, então, chegar ao breakeven. Em 2024, a perspectiva é de geração de caixa.
No total explicou o CFO Alex Malfitani, a companhia tem R$ 14 bilhões em dívidas com arrendadores. Neste ano, seriam R$ 3,2 bilhões de arrendamentos e R$ 600 milhões em diferimentos da covid-19. Todo esse montante no balanço foi renegociado, diz o diretor financeiro. O que estava no curto prazo, explicam os dois executivos da Azul, foi rolado para 2030.
Além da negociação com arrendadores de aeronaves, o plano da empresa é negociar com os bondholders também, para tratar de vencimentos previstos para 2024.
Segundo os executivos, um ativo importante que a empresa tem é seu programa de fidelidade TudoAzul, que poderia "ser usado para levantar capital". Um dos caminhos, indicam eles, poderia ser a listagem das ações. "Hoje não vemos janela, mas não achamos que vai demorar tanto", diz Malfitani.
A listagem de ações é algo que os concorrentes já fizeram, como a Gol, que tinha a Smiles como empresa aberta. Vale destacar, no entanto, que o mercado mudou sua trajetória. Em março de 2021, por exemplo, a Smiles deixou de ter seus papéis negociados, após ser inteiramente incoporada pela Gol.