Uma possível fusão entre Azul e Gol não é uma novidade para os investidores (Germano Lüders/Exame)
Repórter de Invest
Publicado em 5 de março de 2024 às 16h33.
Última atualização em 6 de março de 2024 às 09h38.
O pregão desta terça-feira, 5, é de ganhos para as ações da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4). Isso porque, antes da abertura do mercado, rumores deram conta de que a primeira estaria trabalhando com o Citigroup e o Guggenheim Partners para uma potencial oferta pela Gol. Por volta das 16h30, os papéis AZUL4 e GOLL4 subiam 4,37% e 4,27%, respectivamente.
Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, aponta que uma possível oferta da Azul pela compra da Gol não é uma novidade para os investidores. “Isso é algo que já vem sendo especulado pelo mercado, mas precisaria da aprovação do Cade para essa transação.”
Vale lembrar que a Gol entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, depois de apresentar US$ 2,7 bilhões em passivos de curto prazo e realizar trocas de dívidas. Enquanto isso, a Azul adiou o pagamento de dívidas, trocando títulos com vencimento em 2024 e 2026 por títulos com vencimentos posteriores que pagavam mais. Esses movimentos alimentaram as expectativas do mercado de uma possível fusão. “Com isso, as ações das duas empresas reagem positivamente hoje”, diz Fernandes.
Enquanto isso, Ricardo Jacomassi, sócio e economista-chefe da TCP Partners, destaca que operacionalmente a aquisição de uma área pela outra pode ser vantajoso para as duas. Isso porque ambas companhias têm estruturas de custos operacionais parecidas. Entretanto, ele alerta que o ponto principal é a alavancagem financeira das duas companhias.
“Tanto Gol e Azul reestruturaram recentemente o endividamento. No caso da Gol, após a reestruturação recorreu aos instrumentos da recuperação judicial para seguir com a operação. No caso da Azul, a alavancagem financeira é alta, acima dos pares internacionais comparáveis, exemplo Delta e United”, diz. Jacomassi ainda frisa que as condições internacionais de juros altos e riscos geográficos sugerem que uma aquisição demandaria um parceiro financeiro que dê suporte.
Azul e Gol, juntamente com a Latam, dominam as viagens aéreas no Brasil — o maior mercado da América Latina. Contudo, a Gol está mais concentrada em voos entre São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, enquanto a rede da Azul para outras cidades é mais ampla. Essa falta de sobreposição é uma esperança para a aprovação regulatória de uma possível aquisição sair do papel.
Questionado sobre uma possível combinação com a Gol, o CEO da Azul, John Peter Rodgerson, disse em entrevista à Bloomberg News: “você tem a obrigação com seus acionistas de observar as oportunidades que existem."
As finanças de ambas as empresas foram afetadas pelo aumento dos preços dos combustíveis de aviação e pelos atrasos na produção de novas aeronaves, apesar do aumento das tarifas no ano passado e da demanda.