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Aura Minerals: o plano da mineradora para se aproximar das grandes do setor

Empresa começa a construir em junho a mina de Borborema, que a coloca nos trilhos para chegar a 450 mil onças de produção ao ano e mais perto de gigantes do ouro, conta CEO

Rodrigo Barbosa: executivo assumiu a mineradora em 2016 e começou recuperação da companhia (Aura/Divulgação)

Rodrigo Barbosa: executivo assumiu a mineradora em 2016 e começou recuperação da companhia (Aura/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 30 de maio de 2023 às 14h40.

A partir de junho, a Aura Minerals (AURA33) dá mais um passo para ficar mais perto das mineradoras de grande porte do que das de médio, classificação na qual se enquadra hoje.  

A companhia vai começar a construção da mina Borborema, no Rio Grande do Norte, um projeto que ainda está na fase inicial, mas que deve se somar a outros investimentos para chegar às 450 mil onças de produção até 2025 e confirmar o processo de virada da mineradora canadense que precisou de um choque de gestão brasileiro para melhorar. 

 A perspectiva positiva com os novos investimentos tem motivado o olhar otimista dos analistas de mercado com o papel, mesmo com resultados pressionados no primeiro trimestre e a indicação de que assim devem permanecer no segundo trimestre. No começo de maio, o Itaú BBA elevou a recomendação do BDR da Aura de neutro para compra, com preço-alvo indo de R$ 42 para R$ 50, uma valorização esperada de 41% por causa da incorporação do projeto de Borborema.  

O BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), que também tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 47, diz que a empresa é uma boa oportunidade para a diversificação do portfólio, ao mesmo tempo em que proporciona crescimento positivo e retornos sólidos ao longo do tempo. “A empresa diferencia-se por ter um plano de expansão agressivo que poderá levá-la a quase duplicar a produção nos próximos anos, com projetos que agregam bastante – os investidores que compram Aura hoje, recebem os projetos ‘de graça’”, escreveram os analistas Caio Greiner e Leonardo Correa em relatório de maio, observando que os novos projetos ainda nem estão precificados pelo mercado.  

 “Chegando a 450 mil onças, ficamos mais perto de empresas grandes. Nos coloca numa transição”, afirma Rodrigo Barbosa, CEO da Aura Minerals, em entrevista à EXAME Invest, observando que a expansão da produção deve colocar o papel da companhia em outro patamar de negociação: mineradoras de porte médio negociam a 50% do valor patrimonial líquido (valor dos ativos menos seus passivos), enquanto as grandes negociam a 80%. E essa expansão esperada com os novos projetos pode ser ainda maior, já que a empresa segue prospectando ativos no Brasil e na América Latina, conta o CEO.  

Barbosa assumiu o comando da Aura no fim de 2016, ano em que a empresa canadense foi comprada pelo brasileiro Paulo Brito. A recuperação da companhia desde então motivou a listagem de BDRs na B3 em 2020 – a empresa já era listada na Bolsa de Toronto. De 2020 para cá, com o impacto da mudança do ambiente macroeconômico e da subida dos juros no mercado de capitais, a ação se desvalorizou 35%. Mas já reporta alta de quase 20% ao longo de 2023.  Na Bolsa de Toronto, ação é negociada a 9,82 dólares canadenses, com valor de mercado de 702 milhões da moeda local. Em 2006, a ação valia pouco mais de 22 dólares canadenses.  

 “A empresa não tinha caixa para aumentar exploração. É uma história de ‘turnaround’”, diz Barbosa. Essa retomada veio de uma receita que somou controle forte de custos e uma ajudinha muito bem-vinda: o aumento da cotação do ouro e do cobre. A partir daí, a empresa passou avançar ainda mais com sua estratégia de aumentar os recursos de reservas que já operava e mirar em novos projetos, os chamados “greenfield” – ou seja, que estão começando do zero.  

 O primeiro desses novatos foi o projeto Almas, em Tocantins, que entrou em operação no fim de abril, com um investimento de US$ 78 milhões. “Nunca tínhamos feito uma mina do zero antes, mas o desvio foi imaterial do orçamento previsto e ficou pronta em menos de 16 meses”, comemora Barbosa. A projeção é de que durante o ano, o ativo traga de 25 mil a 30 mil onças para a produção total da Aura. 

Praticamente tudo isso virá no segundo semestre, quando a produção ganhará tração comercial. “Aumenta em quase 10% [a nossa produção] em meio ano”, diz. A estimativa, porém, é de que em pleno funcionamento a jazida seja adicional em 20% na produção total da Aura, com uma capacidade anual de 50 mil onças ao ano e uma vida útil estimada de 17 anos. Em 2022, a produção total da Aura somou 242.524 onças. A companhia opera ativos no Brasil, em Honduras e no México.  

Com Borborema, cuja previsão de início de produção é para o fim de 2024, a estimativa é de produzir 730 mil onças de ouro ao longo de dez anos, de acordo com estudos de viabilidade de 2019 e atualizados em 2020. A Aura comprou 100% das ações da detentora do projeto, a Big River Gold, em 2022 e resolveu dar prioridade ao seu desenvolvimento, colocando o projeto de Matupá como terceiro na fila de seus projetos greenfield (a perspectiva é iniciar a construção no primeiro semestre de 2024, de olho na meta de 450 mil onças/ano em 2025). A empresa também adquiriu recentemente direitos minerários do Projeto Serra da Estrela, em Carajás, no Pará. 

Produção menor na primeira metade de 2023 

O primeiro semestre da Aura vai ser mais pressionado, diz Barbosa, apostando que os desempenho da companhia vai brilhar mesmo é no terceiro e quarto trimestres. A produção no primeiro trimestre foi menor: de 53 mil onças, cerca de 21% a menos do que o quarto trimestre de 2022 e 12% abaixo de um ano antes. “Isso estava dentro do previsto, sabíamos que teríamos teores menores no Brasil e no México” admite, dizendo que o segundo trimestre também não vai ter grandes mudanças. 

 “Mas, por outro lado, alcançamos o mesmo Ebitda do quarto trimestre. O controle de custos e aumento do preço do ouro está ajudando no contraponto da redução da produção”, argumenta. As vendas da companhia caíram 18% na base anual, para 53,9 mil onças, e a receita líquida recuou 14%, para R$ 97 milhões, sustentada pelo aumento de 4% no preço do ouro no período. O lucro líquido caiu 52% na base anual, para R$ 18,7 milhões, mas o Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) recuou menos: 25%, para R$ 36 milhões. 

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