Operador da NYSE: em junho, a ATS enviou à CVM o pedido de registro da nova bolsa, mas ainda esbarra na exigência legal de ter uma estrutura de liquidação e compensação de operações (Mario Tama/ Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 09h24.
São Paulo - A Americas Trading Group (ATG) e a consultoria de avaliação e gerenciamento de riscos Risk Office apresentarão ao Banco Central (BC) um projeto para a criação, no Brasil, de uma clearing - câmara que presta serviços de compensação e liquidação de operações no mercado de capitais. O foco é eliminar o principal entrave à operação da Americas Trading System Brasil (ATS), bolsa de valores que a ATG e a americana Nyse Euronext pretendem lançar no país.
O grande investidor por trás do projeto da nova bolsa é o fundo de pensão Postalis, dos funcionários dos Correios. O Postalis é o maior cotista do fundo de investimentos ETB - que tem como único ativo o controle da ATG, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo em julho.
Em junho, a ATS enviou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o pedido de registro da nova bolsa, mas ainda esbarra na exigência legal de ter uma estrutura de liquidação e compensação de operações. Hoje, a opção da ATS seria o uso da Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) da BM&F Bovespa, que descarta abrir seus serviços a terceiros antes de 2015. A ATS, entretanto, quer iniciar as operações em 2014.
A nova clearing ainda não tem nome, mas seria uma companhia independente, com a ATG e a nacional Risk Office formando seu bloco de controle. A entrada de um terceiro sócio no negócio, possivelmente um fundo estrangeiro, está em negociações avançadas. O grupo busca um CEO e montará sua sede operacional no Rio de Janeiro.
A Risk Office é especializada em gerenciamento de risco, que é a atividade mais complexa e cara de uma clearing. A ideia é que a empresa adquira sua participação no ativo fornecendo conhecimento técnico e tecnologia. Gustavo Melo, diretor executivo de operações da Risk Office, não revelou o investimento total previsto no projeto.
A exigência mínima de capital para a cobertura de riscos de uma clearing é de R$ 30 milhões. Mas só após uma conversa com o Banco Central poderemos avaliar com precisão o montante necessário, disse Melo. A data da reunião com o BC ainda será definida. Segundo fontes do mercado, o custo para montar uma clearing do zero pode chegar a R$ 1 bilhão.
Melo disse que uma parte relevante desse custo seria mitigada pelo fato de a Risk Office já ter softwares desenvolvidos para a área. Ele lembrou que o atual presidente do Conselho de Administração da Risk Office, Marcos Jacobsen (ex-Algorithmics) participou da implantação dos sistemas de gerenciamento de risco das clearings da Cetip e da CBLC.
Melo preferiu não detalhar a estratégia de competição da nova clearing, mas indicou que ela passará por preço, ao destacar que hoje 70% dos custos de negociação e pós negociação vêm de custos com clearing no Brasil. A gente entende que poderá ter um custo mais baixo, já que parte do investimento já será amortizado por um dos sócios, afirmou. A ATS Brasil tem como meta conquistar de 10% a 15% do mercado brasileiro de ações nos dois primeiros anos de operação. O projeto da nova bolsa está orçado inicialmente em US$ 120 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.