Operador no mercado financeiro: projeto de criação da clearing eliminará o principal obstáculo para viabilizar a entrada em operação da ATS no Brasil (Lucas Jackson/Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2013 às 17h45.
São Paulo - O Americas Trading Group (ATG), que quer operar uma bolsa de valores no país em 2014, fez acordo com a consultoria RiskOffice para criar uma clearing, câmara que presta serviços de compensação e liquidação de operações no mercado de capitais.
Um terceiro investidor está em negociações adiantadas para tornar-se sócio do projeto, segundo o vice-presidente de operações da RiskOffice, Gustavo Melo.
"Possivelmente teremos um sócio, a depender do capital exigido ou de algum expertise que seja estrategicamente importante", afirmou à Reuters o executivo, acrescentando que as conversas ocorrem em sigilo.
A composição acionária da clearing ainda não está definida, mas ATS e RiskOffice deterão o controle.
Segundo Melo, o capital mínimo exigido pelo Banco Central para criar a clearing é de 30 milhões de reais para suportar o risco do negócio, mas as sócias ainda não conversaram com a autoridade monetária sobre o assunto. "Não sabemos quanto será exigido de fato", afirmou.
O executivo disse que a RiskOffice, especializada em consultoria e avaliação de risco, já detém a tecnologia e conhecimento técnico --modelos, software e bancos de dados-- necessários para a gestão de risco da clearing.
"É uma questão de empacotar os componentes de que dispomos para aplicação específica da clearing. Boa parte dos investimentos está dentro de casa", disse. As áreas de compensação e liquidação utilizarão a estrutura do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SBP), explicou.
Outra prioridade neste momento é selecionar um presidente para a clearing, que será sediada no Rio de Janeiro, disse Melo.
Num primeiro momento, a clearing terá foco na negociação de ações, assim como a nova bolsa, que deve estar pronta em 2014.
Concorrência
O projeto de criação da clearing eliminará o principal obstáculo para viabilizar a entrada em operação da ATS no Brasil, pois a BM&FBovespa informou que somente poderá oferecer os serviços de clearing a terceiros no fim de 2015 ou em 2016.
Além de encurtar prazo, uma clearing independente também teria menor, segundo o executivo, para quem o serviço concentra cerca de 70 por cento dos custos de trading e pós-trading da BM&FBovespa, o que pode corroer ganhos de novos concorrentes.
De acordo com o executivo, a nova clearing estará aberta para prestar serviços para outras bolsas estrangeiras que pretenderem atuar no Brasil.
A operadora norte-americana Direct Edge afirmou na semana passada à Reuters que poderá ser um participante de mercado mais fortalecido no Brasil após a fusão com a Bats Global Markets, na semana passada.
"A gente vê com alegria a possibilidade de ter outras fontes de receitas." A ATS Brasil (Americas Trading System Brasil) pediu em junho à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aval para lançar uma bolsa de valores no país. A empresa controlada pela ATG e tem também a Nyse Euronext como sócia.