Jerome Powell, presidente do Fed (banco central americano) (Anadolu Agency/Getty Images)
Repórter de Invest
Publicado em 3 de janeiro de 2024 às 17h11.
Última atualização em 3 de janeiro de 2024 às 17h40.
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) sinalizou que tem observado uma desaceleração na atividade econômica dos Estados Unidos. Divulgada nesta quarta-feira, 3, a ata da última reunião do Fomc (Comitê de Mercado Aberto), realizada entre 12 e 13 de dezembro, destaca que o nível da taxa de juro por lá está no 'pico' — ou próximo dele.
De acordo com a ata do Fed, o abrandamento da inflação nos EUA está em curso, visto que a taxa acima de 5% tem auxiliado na repressão da demanda do consumidor. Ainda assim, o momento para iniciar o ciclo de cortes não foi definido pelas autoridades do Fed.
Os participantes do encontro também observaram, no entanto, que suas perspectivas estavam associadas a um grau de incerteza elevado e que era possível que a economia pudesse evoluir de uma forma que tornasse apropriados novos aumentos no intervalo-alvo das taxas.
Na avaliação do economista Matheus Pizzani, da CM Capital, apesar da expectativa do mercado sobre um possível abrandamento da política monetária americana em um futuro mais próximo, esta não foi a principal mensagem captada da leitura do cenário econômico apresentado no documento.
Segundo ele, o balanço dos diretores do Fed mostrou, ainda, que os efeitos defasados da política monetária devem afetar a trajetória do PIB dos Estados Unidos nos próximos dois anos. “Que tende a crescer menos que seu potencial, só retomando a trajetória normal em 2026”, diz.
Isso porque a ata do Fomc sinalizou que o crescimento real do PIB americano desacelerará em 2024. O mercado de trabalho ainda passará por um reequilíbrio, possivelmente resultando em um leve aumento na taxa de desemprego em relação ao nível atual.
Pizzani pontua que o encarecimento do crédito tende a afetar o planejamento de empresas e famílias, reduzindo as pressões oriundas pelo lado da demanda. Porém, ele alerta que a preocupação segue concentrada nos preços de serviços — que na leitura dos membros do Fomc, seguem apresentando trajetória de alta acentuada.
“Apesar da sinalização, as projeções atuais apontam para um cenário mais positivo”, diz. Contudo, o economista ressalta que os membros do comitê pontuaram a importância de se atentar para os riscos de alta da inflação nos próximos períodos.
O documento era bastante aguardado pelos mercados globais, inclusive do Brasil. O comunicado contribuiu para a queda dos índices de Nova York, que operavam com forte volatilidade durante a sessão desta quarta-feira.
O Ibovespa, por outro lado, manteve a alta conquistada ao longo do dia, muito mais impactada pelas movimentações das empresas e os reflexos das commodities — como o petróleo e minério de ferro.
Para Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX, o reflexo imediato da ata do Fed, mas leve, foi no dólar. “Ainda se mantém dentro do nível da abertura, com o DXY subindo a 102.61 pontos, representando 0,40% de alta.”