Abril: e-commerce lidera altas do mês (tommy/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 30 de abril de 2020 às 20h21.
Última atualização em 30 de abril de 2020 às 22h32.
Depois da tormenta de março, em abril, as bolsas de valores registraram ganhos expressivos no mundo todo. Nos Estados Unidos, os principais índices acionários tiveram o melhor desempenho mensal desde 1987, enquanto o principal índice brasileiro de ações, o Ibovespa, passou por uma alta quase tão intensa quanto a de janeiro de 2019, subindo 10,25%.
Uma das grandes representantes desse movimento de recuperação foi a ação da Via Varejo, que foi do inferno ao céu entre março e abril. Depois de cair 61,77% no mês passado, o papel disparou 73,86% em abril - a maior alta do Ibovespa no mês. Em apenas dois dias desta semana, o ativo chegou a acumular alta de 41%, com a melhora da perspectiva sobre o desempenho da companhia no e-commerce.
A varejista, que colocou 20.000 vendedores para auxiliar nas vendas on-line, aumentou o faturamento digital para cerca de 70% do total. Antes da crise, a participação do segmento era de 30%, segundo a empresa. Em participação no Exame Talks, o presidente da Via Varejo, Roberto Fulcherberguer, disse ter encontrado “um pote de ouro” na crise.
A segunda maior alta foi de outra varejista com forte estrutura de e-commerce, a B2W. A companhia, que engloba as vendas digitais das Lojas Americanas, Submarino, Shoptime e Sou Barato, subiu 52,60% em abril.
Os papéis da Marfrig, segunda maior produtora de carne bovina do mundo, vieram logo atrás, com alta de 45,1%. A empresa, que já vinha sendo beneficiada pela escassez de proteína animal na China, deve, agora, aumentar suas exportações para os Estados Unidos, que também atravessam um período de menor oferta de carne, com o fechamento de frigoríficos devido ao coronavírus.
Na quarta posição, aparecem as ações da Cogna. Parte da alta de 38% no mês representa a confiança dos investidores com sua atuação no ensino à distância. Para alguns gestores e analistas, a quarentena tem potencial de impulsionar essa modalidade no curto e no longo prazo a partir da mudança de hábitos.
Por outro lado, as ações da Embraer amargaram o pior desempenho do Ibovespa no mês, recuando 9,33%. Além do cenário nebuloso para aviação, a queda tem como pano de fundo o cancelamento da parceria com a Boeing que renderia 4,2 bilhões de dólares para a empresa, além da maior segurança financeira de ter uma gigante do setor por trás.
As ações com a segunda maior queda do mês foram as da Cielo, com baixa de 8,56%. A empresa de pagamentos eletrônicos, que vem tendo que lidar com o crescimento da concorrência, também foi impactada pelo isolamento social que ajudou a diminuir as transações financeiras por cartão. No primeiro trimestre, o lucro da companhia caiu 69% em relação ao mesmo período do ano passado.