São Paulo – O Ibovespa terminou o primeiro mês do ano no campo negativo. As ações não resistiram à sequência de revisões para baixo da economia brasileira em 2013 e de alta para a inflação. Nada do que o mercado gosta. E isso com o fim da preocupação sobre a economia americana, que se livrou do temido “Abismo Fiscal”, e dos sinais de recuperação da China. O principal índice da bolsa terminou com uma forte queda de 5,14%, aos 59.337 pontos. Confira a seguir as 10 ações que mais se movimentaram em janeiro:
O destaque de alta do mês ficou com as ações do JBS (JBSS3), que decolaram 27,17% e terminaram cotadas a 7,63 reais. O frigorífico conseguiu captar nesta semana 500 milhões de dólares com um cupom de 6,25% em papéis com vencimento em 2023. A taxa de retorno de 6,5% conseguida foi a melhor já alcançada em títulos com prazo similar da empresa. Os recursos da oferta serão utilizados para refinanciar a dívida de curto prazo e para fins corporativos em geral. Outro fato que ajudou a empresa foi o fechamento de uma grande unidade de processamento de carne bovina no Texas, EUA. A notícia ajuda a aliviar as pressões de preço do gado com a maior disponibilidade de animais.
O Marfrig (MRFG3) encerrou o mês com uma alta de 20,87%, com a ação negociada a 10,25 reais. Assim como o JBS, a empresa captou nos mercados internacionais. A operação girou 600 milhões de dólares em papéis com vencimento em 2017. Os juros (cupom) ficaram em 9,875% ao ano, a serem pagos semestralmente. O Citi iniciou neste mês a cobertura dos papéis da companhia com a recomendação de compra. Os analistas citaram a melhora constante das margens da Seara e as sinergias com a recente aquisição de ativos da Brasil Foods.
No sobe e desce das elétricas em meio aos rumores sobre um possível racionamento de energia por conta do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas no país, a Eletrobras (ELET6) se recuperou na bolsa e subiu 20,6% neste mês. A ação terminou cotada a 12,64 reais. A empresa anunciou que as suas controladas receberam 5,47 bilhões de reais à vista como parte da indenização pela renovação antecipada de concessões de geração e transmissão de energia. Além disso, a estatal tem buscado maneiras para reduzir custos no novo cenário para o setor no país.
A petroquímica Braskem (BRKM5) alcançou o quarto lugar do índice com uma alta de 17,27%, com cada ação negociada a 15,01 reais. Os papéis reagiram bem ao anúncio, feito em 28 de dezembro, de que estava vendendo a unidade de tratamento de água e resíduos industriais por 652 milhões de reais. “O fato de estarem se desfazendo de ativos não considerados prioritários é uma grande gestão”, disse Russ Dallen, diretor da Caracas Capital Markets, em entrevista à Bloomberg.
A Embraer (EMBR3) disparou 13,8% no mês após conseguir um contrato bilionário com a American Airlines. A brasileira firmou um acordo avaliado em até 4 bilhões de dólares para fornecer jatos regionais para a rede regional Republic Airways. “Considerando que a Embraer tinha apenas 185 jatos na carteira de pedidos no final de 2012, a adição de 47 jatos à carteira deve permitir à empresa aumentar o fluxo de entregas de jatos projetado para o segundo semestre de 2013”, ressalta Stephen Trent, analista do Citi, em relatório de 24 de janeiro.
A mineradora MMX (MMXM3), controlada por Eike Batista, teve um mês tumultuado e os papéis tiveram uma queda de 23,82%. Uma nova troca na diretoria e Carlos Gonzalez foi nomeado presidente e diretor de relações com investidores no lugar de Guilherme Escalhão. Pela porta giratória da diretoria da mineradora passaram três CEOs (Chief Executive Officer) em três anos e meio e cinco CFOs (Chief Financial Officer) em quatro anos. “A nosso ver, mudanças contínuas na administração exercem efeito negativo sobre a execução do projeto, sendo o exemplo mais recente o atraso de seis meses no Superporto Sudeste, adiado para o final de 2013”, disse o HSBC em um relatório. Além disso, a recente autuação pela Receita Federal no valor de 3,8 bilhões de reais trouxe novas incertezas para os papéis.
Considerada uma das ações mais caras do setor no mundo, a Usiminas (USIM3; USIM5) passou por um período de correção. Os papéis preferenciais de classe A caíram 19,2% - 2ª posição do ranking – e os ordinários recuaram 18,4% - 4ª posição. “Apesar do crescimento esperado para 2013, continua sendo a ação mais cara do setor siderúrgico em nosso universo global”, disseram os analistas Jonathan Brandt e Miguel Falcão, analistas do HSBC, em uma análise do dia 22 de janeiros. O banco tem uma recomendação de alocação abaixo da média às USIM5, com um preço-alvo de 10 reais (foi reduzido de 11 reais).
A AES Eletropaulo (ELPL4) conseguiu respirar na bolsa ao conseguir uma liminar contra a decisão da Justiça em primeira instância que a obrigava pagar 1,3 bilhão de reais que são cobrados de um empréstimo contraído pela Eletropaulo e pela Cteep em 1986 com a Eletrobras. Os papéis, contudo, não resistiram às pressões sobre o setor elétrico e caíram 18,7% no mês. “Continuamos sendo vendedores. Os riscos legais aumentaram depois da atividade recente nessa longa disputa legal”, afirmaram Marcelo Britto, Alexandre Kogake e Kaique Vasconcellos, do Citi, em análise de 23 de janeiro.
Após uma forte recuperação em 2012, as ações da B2W (BTOW3) iniciaram o ano em um movimento de correção que derrubou os papéis em 10,2%. Os analistas Luiz Cesta e Paulo Prado, da Votorantim Corretora, esperam que a empresa apresente um forte crescimento da receita nos resultados do último trimestre (no dia 7 de março). “Entretanto, mantemos cautela, dada a recente valorização das cotações de BTOW3, além do fato de que o otimismo do nível de vendas possa ser parcialmente ofuscado por uma margem mais fraca, resultante das despesas de inauguração dos CDs [Centros de Distribuição], assim como a atividade ainda consumidora de caixa no trimestre”, explicam em uma análise do dia 29 de janeiro.
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