Argentina: Milei anuncia segundo pacotaço de medidas econômicas (Divulgação: Tomas Cuesta / Correspondente autônomo/Getty Images)
Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 11h30.
Última atualização em 21 de dezembro de 2023 às 11h44.
A bolsa argentina abriu em alta após o presidente do país, Javier Milei, assinar na noite desta quarta-feira, 20, um decreto com 30 principais medidas para promover a desregulamentação da economia. O índice Merval, principal referência para as ações de empresas da Argentina, abriu às 11h03 com alta de 4,14% aos 958.007,28 pontos. Desde que Milei assumiu a presidência, o Merval já valorizou 42,60%.
Já o dólar oficial, segundo o jornal argentino Clarín, registrou uma leve alta de 0,50 pesos. No fechamento de quarta, o dólar oficial para venda encerrou em 823,50 pesos e abriu a sessão desta quinta-feira, 21, cotado em 824 pesos para venda.
Já o dólar blue, cotação paralela e não oficial, mas que melhor representa a relação entre oferta e demanda, abriu o dia sendo negociado a 995 pesos para venda, mas apresentou queda de 1% para 985 pesos por volta das 11h15. A diferença entre o dólar blue e o dólar oficial é de 19,53%.
Chamado Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), o texto leva 366 artigos que revogam leis nos setores imobiliários, de abastecimento e de controle de preços. O decreto também prevê novas regras para a legislação trabalhista, e a conversão de empresas públicas em sociedades anônimas para que sejam privatizadas, além da modernização da legislação aduaneira.
Milei optou por decretos de necessidade e urgência, similares às medidas provisórias no Brasil, em vez de enviar projetos de lei ao Congresso, onde não tem maioria. Apesar disso, os decretos terão de ser avaliados por parlamentares.
Os anúncios desta quarta são o segundo pacote de medidas econômicas do presidente, que assumiu o cargo no começo do mês. Há duas semanas, ele desvalorizou o peso, congelou obras públicas e reduziu subsídios e repasses federais a províncias do interior do país.
A Argentina vive uma grave crise econômica, com uma inflação superior a 140% nos últimos 12 meses e deve dobrar no começo de 2024. Em um discurso onde reforçou suas críticas à classe política, Milei disse que a expansão do Estado foi responsável pela destruição da riqueza na Argentina nos últimos 100 anos.
"As crises na Argentina têm origem na mesma causa: o déficit fiscal. Nos últimos 123 anos, em 113 tivemos déficit fiscal", disse. "Mas como a classe política nunca quis enfrentar o problema, recorreu ao aumento de impostos ou a impressão de moeda para financiar esse déficit."