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Aramco: gigante do petróleo aumenta dividendos para US$ 31 bi mesmo com lucro líquido 25% menor

Movimento da petroleira beneficia governo da Arábia Saudita que enfrenta um déficit orçamental crescente

 (AFP/AFP Photo)

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 10 de março de 2024 às 14h20.

A Saudi Aramco, gigante estatal do petróleo da Arábia Saudita, comunicou ao mercado que elevou seus dividendos do quarto trimestre de 2023 para US$ 31 bilhões, a serem pagos no primeiro trimestre de 2024. O movimento beneficia o governo da Arábia Saudita, que enfrenta um déficit orçamental crescente.

Isso porque os dividendos exorbidantes da companhia são responsáveis por grande parte das receitas do governo saudita, que cada vez mais tem tido gastos com projetos ambiciosos do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, como a cidade futurista de Neom, a compra de jogadores de futebol de alto nível e participações em ligas desportivas.

No entanto, o aumento de dividendos ocorre na sequência da divulgação dos resultados anualizados do ano passado, que mostram uma diminuição de quase 25% no lucro líquido, impulsionada pela redução voluntária na produção de petróleo.

Segundo o balanço, a companhia registrou um lucro líquido de US$ 121,3 bilhões frente a US$ 161,1 bilhões em 2022. O fluxo de caixa das atividades operacionais também reduziu de US$ 186,2 bilhões em 2022 para US$ 143,4 bilhões em 2023, enquanto o fluxo de caixa livre foi no mesmo período de US$ 101,2 bilhões, frente os US$ 148,5 bilhões em 2022.

Follow-on e paralisação da expansão

A elevação dos proventos também ocorre no momento em que o governo da Arábia Saudita está retomando os planos para um follow-on da Aramco em 2024. Mas os investidores seguem receosos com o valuation da companhia e o baixo rendimento registrado em comparação com os seus pares da indústria desde o IPO da empresa em 2019.

Já os potenciais investidores estão de olho no déficit orçamental do estado. O governo saudita prevê um déficit anual até 2026, forçando-o a adiar para além de 2030 alguns dos projetos que lançou como parte do seu plano de transformação econômica. Além disso, o governo também ordenou em fevereiro que a Aramco suspendesse a expansão da sua capacidade de produção para liberar investimentos para outras áreas.

O resultado dessa paralisação, segundo informou a companhia, é que, provavelmente, os investimentos de capital da Aramco serão reduzidos em cerca de US$ 40 bilhões entre 2024 e 2028. Já as despesas de capital, que aumentaram cerca de 28%, para pouco menos de US$ 50 bilhões no ano passado, deverão ficar entre US$ 48 bilhões e US$ 58 bilhões em 2024.

"[A diretiva do governo] fornece maior flexibilidade, bem como uma oportunidade de nos concentrarmos no aumento da produção de gás e no crescimento do nosso negócio de conversão de petróleo em produtos químicos”, disse o CEO Amin Nasser no comunicado.

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