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Aquisições e fusões quadruplicam com boom de emissão de ações

Os negócios quase quadruplicaram em relação ao mesmo período do ano passado, subindo para US$ 34,7 bilhões

As empresas brasileiras estão ofertando mais ações aproveitando-se da demanda crescente de investidores | Foto: Patricia Monteiro/Bloomberg (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)

As empresas brasileiras estão ofertando mais ações aproveitando-se da demanda crescente de investidores | Foto: Patricia Monteiro/Bloomberg (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)

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Publicado em 14 de junho de 2021 às 08h49.

Última atualização em 14 de junho de 2021 às 09h59.

As fusões e aquisições estão crescendo no Brasil, pois empresas capitalizadas por meio de ofertas de ações -- IPOs e follow ons -- estão comprando concorrentes.

Os negócios quase quadruplicaram em relação ao mesmo período do ano passado, subindo para 34,7 bilhões de dólares, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Ao mesmo tempo, as emissões de ações por empresas brasileiras saltaram 83%, para 69,6 bilhões de reais.

As empresas brasileiras estão ofertando mais ações nas bolsas aproveitando-se da demanda crescente de investidores por rendimento, diante dos juros básicos abaixo da inflação -- o chamado juro real negativo.

Ao mesmo tempo, a pandemia do Covid-19 cortou receita de pequenas e médias companhias, que se tornam alvos fáceis de aquisição por seus rivais maiores.

“Muitas empresas estão cheias de caixa depois de ofertas de ações e estão aproveitando a oportunidade para consolidar”, disse Alexandre Bertoldi, sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados, em entrevista.

O Pinheiro Neto, que ocupa a segunda posição entre os assessores jurídicos em M&A no Brasil neste ano, trabalhou com a empresa de saúde Hapvida (HAPV3) na sua fusão de 10,6 bilhões de dólares com a NotreDame Intermédica (GNDI3), a maior transação deste ano, anunciada em janeiro.

A Intermédica, que levantou 16,9 bilhões de reais em cinco ofertas públicas de ações desde 2018, de acordo com dados compilados pela Bloomberg, anunciou que concordou em comprar por 1 bilhão de reais um concorrente menor, o Centro Clínico Gaúcho, um provedor de planos de assistência médica e odontológica.

A Hapvida levantou cerca de 8,5 bilhões de reais em três ofertas de ações no mesmo período, mostram os dados da Bloomberg.

A provedora de serviços de educação Afya (AFYA), que abriu o capital na Nasdaq em 2019 e fez uma oferta de ações posterior, levantou 642 milhões de dólares nas duas transações, de acordo com a Bloomberg.

A Afya disse em maio que concordou em adquirir a faculdade Unigranrio por um valor de 700 milhões de reais. Ela comprou outras quatro empresas neste ano, incluindo uma de tecnologia de saúde e uma rede de drogarias.

“O mercado de ações em expansão está alimentando diversos negócios de M&A, e estamos trabalhando muito”, disse João Ricardo de Azevedo Ribeiro, sócio sênior do Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, que ficou em primeiro lugar entre os assessores jurídicos em fusões e aquisições, segundo a Bloomberg.

Empresas estatais também estão vendendo participações. A Petrobras (PETR3, PETR4) disse em março que seu conselho aprovou a venda da Refinaria Landulpho Alves e seus ativos logísticos associados na Bahia para o Mubadala Capital por 1,65 bilhão de dólares.

Outras empresas brasileiras estão tentando vender unidades para investidores estrangeiros. A Stepan, sediada em Illinois, nos Estados Unidos, e o fundo de private equity Advent International estão entre as companhias que negociam a compra da unidade química do conglomerado brasileiro Ultrapar (UGPA3), a Oxiteno.

É um negócio que pessoas a par do assunto disseram que poderia ser avaliado em cerca de 1 bilhão de dólares. No entanto, esse tipo de M&A com investidores estrangeiros é hoje uma exceção.

O investimento direto total no Brasil, excluindo empréstimos entre empresas, atingiu 12,9 bilhões de dólares neste ano até abril, uma queda de 57% em relação ao mesmo período de 2020, de acordo com dados do Banco Central.

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