Segundo o analista Shebly Seyrafi, "os investidores terão que esperar mais três meses" para ter "um catalizador" (REUTERS/Aly Song/Arquivo)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2013 às 20h25.
Os 100 bilhões de dólares prometidos pela Apple a seus acionistas serão suficientes para conter sua queda na bolsa? A resposta do mercado, preocupado com as perspectivas de crescimento do grupo, era díspar nesta quarta-feira.
As ações do grupo fecharam praticamente estáveis, pouco acima dos 405 dólares em Nova York, depois de começar o dia perdendo até 3,36%, caindo para U$392,5, e subindo até U$415,25 (+2,25%), enquanto os investidores se esforçavam para digerir os anúncios de terça-feira.
Pelo lado positivo, a Apple prometeu a seus acionistas mais lucros de sua enorme liquidez, aumentando os dividendos e lançando um enorme programa de recompra de ações, o maior na história da bolsa, segundo a empresa.
Além disso, as vendas de seus principais produtos, o iPhone e o iPad, foram melhores que o previsto entre janeiro e março.
Contudo, com um lucro líquido que caiu pela primeira vez em dez anos no trimestre passado, a redução de suas margens e a queda do ritmo de crescimento do grupo não parece que será contida no curto prazo.
As previsões para o trimestre atual são decepcionantes para o mercado e o lançamento de novos produtos, cruciais para dar um novo impulso ao grupo, podem esperar até 2014, segundo o presidente da empresa, Tim Cook, deu a entender.
O impacto do anúncio de um "programa enérgico de uso do capital foi reduzido pelo provável adiamento (do lançamento) do iPhone 5s", a próxima atualização do smartphone da Apple que os analistas esperavam para o próximo verão, resumiu o analista Shebly Seyrafi, da FBN Securities, em nota. "Os investidores terão que esperar mais três meses" para ter "um catalizador".
Para a casa de corretagem Topeka, a conclusão é igualmente clara: "o crescimento não voltará este ano".
Neste contexto, a Apple poderia perder partes de mercado diante de fabricantes como o sul-coreano Samsung, que se prepara para lançar seu novo smartphone Galaxy S4, abertamente apresentado como um rival do iPhone.
Lançar com sucesso um novo produto começa a ser vital para o grupo de informática norte-americano.
As dúvidas sobre sua capacidade de continuar inovando foram um fator fundamental na queda de mais de 40% registrada por sua cotação na bolsa desde o auge histórico de U$702,10 registrado em setembro.
Alguns começam até a se questionar sobre o futuro de Tim Cook.
Os rumores se multiplicaram recentemente sobre um iPhone mais barato ou maior, um relógio (iWatch), um serviço de televisão (iTV) ou de rádio em streaming.
Contudo, enquanto não houver nada de concreto, "a ação está travada em uma margem de 375 a 425 dólares", projetou o banco RBC.
Os analistas do banco Jefferies consideram que "o elemento mais determinante nos próximos seis a 12 meses", não será o lançamento do iPhone 5S, apenas uma atualização do atual iPhone 5, mas o do modelo seguinte, o iPhone 6, deve inovar muito mais.
Quanto antes for lançado, melhor, já que um lançamento no terceiro trimestre de 2014 "seria provavelmente muito tarde", alertaram.
Para esses analistas, a Apple deve se focar no alto segmento do mercado e lançar um aparelho que "reforce o ecossistema" construído pela Apple sobre seus produtos, em particular, graças a sua lojas online iTunes ou AppStore.
"Uma iTV provavelmente preencheria melhor este papel que um iWatch", disse Jefferies, que também acredita que qualquer um dos dois chegaria apenas em 2014.