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Apple muda produção para Índia e Vietnã diante de pressão tarifária dos EUA

Mais da metade dos dispositivos vendidos nos EUA no trimestre virão de fora da China, segundo CEO Tim Cook

Apple diz que maioria dos dispositivos vendidos nos EUA virá da Índia e do Vietnã no 2º trimestre, em resposta a tarifas (Shubhashish5/Getty Images)

Apple diz que maioria dos dispositivos vendidos nos EUA virá da Índia e do Vietnã no 2º trimestre, em resposta a tarifas (Shubhashish5/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 2 de maio de 2025 às 07h34.

Última atualização em 2 de maio de 2025 às 08h10.

A Apple afirmou que a maioria dos dispositivos enviados aos Estados Unidos no trimestre de junho será produzida na Índia e no Vietnã. A medida busca minimizar os riscos da dependência da China e responde às preocupações de investidores com o impacto das tarifas comerciais americanas sobre os produtos da marca.

A empresa teve um aumento de 5% nas vendas entre janeiro e março, atingindo US$ 95 bilhões, puxado pela maior demanda por iPhones e pelo lançamento do modelo 16e, de menor custo. O lucro líquido do período foi de US$ 24,8 bilhões, também com alta de quase 5% na comparação anual. As ações da companhia, no entanto, recuaram cerca de 4% após o fechamento do mercado.

Durante a teleconferência de resultados, o CEO Tim Cook destacou que “a maioria” dos iPhones vendidos nos EUA no trimestre virá da Índia, enquanto “quase todos” os demais dispositivos — como iPads, Macs, Apple Watch e AirPods — terão origem no Vietnã. Cook disse que as tarifas atuais podem adicionar US$ 900 milhões aos custos da Apple apenas no trimestre de junho, com possibilidade de agravamento nos períodos seguintes.

A Apple, que ajudou a transformar a China em um centro global de manufatura ao longo das últimas décadas, tem buscado acelerar a diversificação da sua cadeia de suprimentos. Segundo Cook, “ter tudo em um só lugar é muito arriscado”.

Mudança estratégica e pressão regulatória

A decisão de deslocar parte da produção ocorre em meio à escalada tarifária promovida pelo governo dos EUA. Atualmente, os produtos da Apple enfrentam tarifas de até 20% se importados da China e de 10% quando enviados da Índia. A expectativa dos investidores era que a empresa desse sinais claros sobre sua capacidade de migrar a produção chinesa para outras localidades.

Analistas calculam que a realocação da produção indiana de iPhones, hoje estimada em 25 milhões de unidades, pode cobrir cerca de 50% da demanda americana. Com as tarifas, um iPhone 16 Pro poderia ter seu custo elevado em até US$ 500, segundo estimativas da TechInsights.

Enquanto isso, a Apple enfrenta desafios no mercado chinês. As vendas na China caíram mais de 2% no trimestre, afetadas pela preferência crescente dos consumidores locais por marcas domésticas. O país, que já foi central para o crescimento da empresa, vem perdendo força como mercado estratégico.

Além das questões comerciais, a Apple sofre pressão nos tribunais americanos. Um quarto do seu lucro operacional vem de royalties pagos pelo Google para ser o buscador padrão do navegador Safari — montante que pode ultrapassar US$ 20 bilhões por ano. Mas uma decisão judicial recente considerou o acordo ilegal por questões antitruste.

Outra frente judicial afeta a App Store. Uma juíza federal criticou duramente as políticas da plataforma e ordenou mudanças que podem comprometer receitas com alta margem de lucro. O caso foi encaminhado para investigação criminal por suposto desacato da empresa às ordens judiciais.

A Apple também tenta correr atrás do atraso em recursos de inteligência artificial. A promessa de novas funcionalidades para a assistente Siri segue sem data concreta, com Cook afirmando que a empresa precisa de mais tempo para atingir os padrões internos de qualidade.

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