Apple (APPL34) (VCG / Colaborador/Getty Images)
A Apple (APPL34) pediu para que seus fornecedores de Taiwan substituam o rótulo “Made in Taiwan” por “Made in China”.
A mudança seria limitada aos produtos da Apple destinados ao mercado chinês, mas demonstra como as tensões geopolíticas entre Pequim e Taipei estão afetando também as empresas americanas que operam na região.
O pedido da Apple chega menos de uma semana depois da visita em Taiwan da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, que gerou uma dura reação por parte da República Popular da China.
Pequim respondeu iniciando uma ampla operação militar aeronaval em volta da ilha, que considera como uma "província rebelde".
A manobra da Apple visa também evitar o aperto dos controles alfandegários, que são outra consequência da crise.
As regras impostas pela China comunista impunham há anos que nos produtos fabricados em Taiwan fosse aplicado o rótulo "Made in China", ou "Taiwan, China" ou "Chinese Taipei".
Tudo para reafirmar que Taiwan faz parte da China.
Entretanto, a regra raramente havia sido aplicada até o momento.
Agora, no entanto, os controles de fronteira se tornaram mais rígidos.
E o governo de Xi Jinping está dando sinais claros nessa direção.
Por exemplo, na quarta-feira, 3, um embarque de componentes vindos de Taiwan para uma das instalações da Apple, a Pegatron, na China, onde são fabricados os iPhones, teria sido submetido a importantes controles alfandegários para determinar se a nota de entrega e as caixas tinham sido devidamente rotuladas de acordo com as regras vigentes na República Popular.
Para evitar situações complicadas e mais interrupções na cadeia de suprimentos, a Apple também teria pedido aos fornecedores que formulassem planos de contingência para nunca parar com produção e fornecimento.
E existe um risco muito real de que o aumento das tensões entre China e Estados Unidos possa gerar atrasos, multas ou até mesmo ao bloqueio de contêineres inteiros de produções feitas em Taiwan, especialmente as tecnológicas.
A decisão da Apple já está gerando uma forte agitação entre os grupos de ativistas pro-Taiwan.
A mudança ocorre após a remoção da bandeira de Taiwan dos teclados emoji dos produtos da Apple vendidos na China e em Hong Kong.
O medo, cada vez mais concreto, é que a Apple vai se curvar a outros pedidos vindo da China.
A empresa fundada por Steve Jobs, por outro lado, não está em condições de barganhar muito com Pequim.
Enfrentar atrasos no envio de produtos representaria um desastre comercial para a empresa.
Hoje a Apple está nos estágios finais de produção do novo iPhone 14, que será lançado no outono. E precisa absolutamente dos semicondutores produzidos em Taiwan.
Ainda mais porque o balanço do último trimestre mostrou como foram os smartphones que impulsionaram o faturamento da Apple em 2%.
Mesmo assim, os lucros caíram 11%, principalmente porque as vendas de computadores Mac diminuíram 10%.
Por isso, a Apple não pode prescindir do maior mercado consumidor do mundo por número de habitantes, a China.