Francisco Ivens Dias Branco, à esquerda, presidente do conselho de administração da M. Dias Branco, e Geraldo Luciano Mattos Júnior, diretor de relações com investidores
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2010 às 08h54.
São Paulo – Marca forte, liderança de mercado e ambiente macroeconômico jogando à favor são os ingredientes que fazem das ações da M Dias Branco (MDIA3) uma excelente porta de entrada no setor de alimentos nacional. A tese é do banco de investimentos Raymond James, que deu classificação outperform (performance acima da média do mercado) para as ações da companhia em relatório de início de cobertura dos papéis.
Dona da liderança de mercado nos segmentos de biscoito e massas no Brasil, que correspondem à 80% de suas vendas, a empresa do setor alimentício ganhou da analista Daniela Bretthauer o preço-alvo de 55,70 reais para suas ações ordinárias, representando um retorno potencial de 24% do preço atual. “As ações da companhia são negociadas com um desconto significativo comparado a seus pares, principalmente na baixa liquidez”, complementa Bretthauer.
A analista ressaltou também o plano de crescimento baseado numa agressiva expansão orgânica, que por sua vez é impulsionada pelas aquisições estratégicas, como a das concorrentes Adria e Vitarella. “É também digno de nota que a M Dias Branco possa se tornar ela própria um alvo de fusão/aquisição, diante de sua escala, marca popular e modelo de negócios atrativo”, complementa o Raymond James. Nestlé e Kraft Foods seriam possíveis compradores.
O otimismo diante do desempenho da marca ainda leva em consideração os benefícios fiscais obtidos pela companhia, que unidos à altas margens de Ebitda, contribuem para uma “sólida e sustentável” geração de fluxo de caixa livre.
Regionalismo
Em paralelo às vantagens de mercado, a fabricante de alimentos está pronta para colher os benefícios do momento macroeconômico nacional, diz Bretthauer. Com 70% de suas vendas baseadas no Nordeste, o regionalismo pode se tornar vantajoso diante do acelerado ritmo de crescimento dessa região em comparação ao resto do Brasil. É lá que a renda e o consumo serão mais impactados pela alta do padrão de vida médio do brasileiro, aponta o banco.
Uma das barreiras geradas pelo cenário é a resistência de penetração da marca nas famílias de baixa renda (para quem, culturalmente, biscoitos fariam parte da lista de supérfluos, sustentam pesquisas citadas pelo banco) e da expansão dos negócios nas regiões Sudeste e Sul. No caso das regiões mais ricas do país, o problema seria a estratégia de evitar o segmento “Premium”. “Ao posicionar seus produtos em preços abaixo da média de mercado, a companhia perde o consumo qualificado para Nestlé e Kraft Foods”, aponta a análise.
Mesmo vítima desses gargalos estruturais, a M Dias Branco teria em seu próprio portfolio a solução orgânica para os problemas de crescimento. Investir no apelo da vida saudável com produtos diet e light e reforçar suas linhas Premium são possibilidades com grande potencial de exploração. “A companhia poderia ainda diversificar criando novas linhas, como barras de cereal, chocolates e novos tipos de biscoitos, alavancando sua rede de distribuição e escala e aquisição de matéria prima”, encerra a analista.