Ibovespa: "Quando o estrangeiro olha para o Brasil não acha que está caro", afirmou gerente executivo de Fundos de Ações da BB DTVM (Patricia Monteiro/Bloomberg/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 18h57.
São Paulo - O principal índice de ações do mercado brasileiro, Ibovespa, tem espaço para continuar subindo apesar dos recordes renovados neste mês, uma vez que as ações brasileiras ainda não estão exatamente caras para os investidores estrangeiros, que representam quase metade do volume negociado no pregão paulista.
"Quando o estrangeiro olha para o Brasil não acha que está caro", afirmou o Jorge Ricca, gerente executivo de Fundos de Ações da BB DTVM.
Em reais, o Ibovespa alcançou o maior patamar intradia de sua história nesta sexta-feira, superando 85 mil pontos pela primeira vez. Em dólar, contudo, situava-se ao redor de 27 mil pontos, ainda longe do nível ao redor de 45 mil de maio de 2008.
Ao mesmo tempo, o índice de preço sobre lucro do Ibovespa, que mede o tempo em que o investidor demora para ter o retorno do seu investimento e é uma medida amplamente monitorada por agentes financeiros, está em linha ou abaixo do verificado por pares emergentes e dos maiores mercados na América Latina.
"Falta bastante na visão dos estrangeiros (para o Ibovespa ficar caro)", disse o diretor de operacões da corretora sul-coreana Mirae no Brasil, Pablo Stipanicic Spyer, citando que os asiáticos começaram a vir com mais força para a bolsa no Brasil.
Dados de fluxo endossam a atratividade recente do mercado brasileiro para o capital externo neste ano, com todos os dias de janeiro até dia 23 registrando saldo positivo. No acumulado, as entradas líquidas somam 6,55 bilhões de reais.
Agentes financeiros, ponderam, contudo, que tal movimento está inserido dentro de um contexto de excesso de liquidez global, com taxas de juros em níveis baixos mundialmente. No caso do Brasil, o fato de fundos globais estarem com reduzida exposição ao país corrobora a alocação.
Apesar de alguns riscos, como o cenário eleitoral e a questão fiscal, entre outros, Ricca diz que o país talvez seja uma oportunidade, com cenário macroeconômico melhor e baixo nível de juros. "Isso precisa ser mantido nos próximos anos", afirmou.
O analista da corretora Lerosa, Vitor Suzaki, disse que a expectativa de lucros maiores deve ajudar no fluxo, que deve ser corroborado nos resultados corporativos com início na próxima semana.
O cenário político, contudo, é citado como um dos principais fatores para uma não descartada volatilidade, com eleições no país este ano.
Em relatório nesta semana, avaliando que o Ibovespa teve ter um desempenho melhor do que o índice mexicano,estrategistas do UBS Alan Alanis e Sambuddha Ray também citaram que os eventos políticos têm um papel crucial e que as eleições são a sua maior preocupação.
Para os estrategistas do BTG Pactual Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira, a eleição presidencial no Brasil pode aumentar a volatilidade no mercado, uma vez que o resultado do pleito pode causar mudanças radicais na política econômica.