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Após payroll, chances do Fed cortar juros em dezembro salta para 91%

Número de criação de vagas acima do esperado em novembro mostrou que o mercado de trabalho americano segue resiliente o suficiente para um corte de 0,25 ponto percentual

Payroll: apostas para um corte de 0,25 pontos percentuais saltam

Payroll: apostas para um corte de 0,25 pontos percentuais saltam

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 12h02.

O payroll, relatório de empregos do setor privado não-agrícola dos Estados Unidos, publicado nesta sexta-feira, 6, reforçou as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) deve realizar um corte de 0,25 pontos percentuais na última reunião de política monetária do ano, marcada para o dia 18 de dezembro.

De acordo com o Departamento de Trabalho, os EUA criaram 227 mil vagas em novembro, superando a mediana das projeções do mercado, que indicava 211 mil vagas. O dado vem na sequência de um payroll fraco em outubro que veio em 36 mil (apesar da revisão para cima frente os 12 mil anteriores).

Entretanto, o número refletiu fatores atípicos, como os efeitos dos furacões Helene e Milton e a greve de funcionários da Boeing.

"Essas situações eliminaram empregos no mês de outubro e com a volta à normalidade houve um impacto maior do que o esperado em novembro. Outra possível explicação é que os empregadores americanos anteciparam um pouco a criação de postos de trabalho temporários para o período das festividades", explica Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

Segundo o especialista, o resultado acima do esperado evidencia a resiliência do mercado de trabalho, afastando os temores de uma desaceleração mais forte mencionados por Jerome Powell, presidente do Fed, em agosto, durante seu discurso em Jackson Hole.

“Powell alertou naquela ocasião sobre os riscos de uma desaceleração no mercado de trabalho, mas os dados recentes indicam uma direção contrária, mostrando maior resiliência e, por consequência, alimentando as expectativas de novos cortes na taxa de juros”, afirmou Mattos.

O impacto do payroll foi imediato nas expectativas do mercado. Antes da divulgação, 68,4% dos investidores apostavam em um corte de 0,25 pontos percentuais, segundo a plataforma FedWatch, do CME Group. Após os dados, essa probabilidade saltou para 91%, enquanto apenas 9% ainda precificam a manutenção das taxas.

Apesar do tom otimista em relação ao mercado de trabalho forte nos EUA, a preocupação em relação à inflação que pode se deteriorar devido aos salários ainda existe. A média de ganhos por hora aumentou 0,4% em novembro, após ter avançado 0,4% em outubro. Nos 12 meses até o mês de referência, os salários avançaram 4,0%, mostrando estabilidade em relação ao ritmo de outubro.

"Um mercado de trabalho aquecido faz com que haja uma pressão de salários que aumenta a inflação, o que o Fed está tentando combater sem gerar uma recessão. Então passa haver uma dúvida sobre o ritmo de cortes", comenta Harrison Gonçalves, CFA e sócio da CMS Invest.

Por conta disso, o mercado aposta em um corte menor, de 0,25 ponto percentual, em comparação aos 0,50 da reunião de novembro. Para não ocorrer nenhum corte, na visão de Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a revisão de outubro deveria ter sido muito maior.

"Para descartar completamente essa possibilidade, seria necessário um relatório de emprego excepcionalmente forte, com uma revisão significativa dos dados de outubro, o que não aconteceu. Diante disso, não vejo grandes motivos para o Fed justificar uma mudança de direção, dizendo que algo muito inesperado ocorreu para não cortar os juros", diz.

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