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Após "efeito Selic", Bolsa se distancia de recorde e fecha em baixa

Petrobras reajustou combustíveis e chegou a subir 2%, mas perdeu força ao longo dia dia, acompanhando os bancos

BOLSA: Vale responder por 11,39% do índice Ibovespa / Germano Lüders (Germano Lüders/EXAME/Exame)

BOLSA: Vale responder por 11,39% do índice Ibovespa / Germano Lüders (Germano Lüders/EXAME/Exame)

TL

Tais Laporta

Publicado em 19 de setembro de 2019 às 17h31.

Última atualização em 19 de setembro de 2019 às 18h18.

O efeito do corte da Selic ajudou, mas não foi suficiente para sustentar o Ibovespa até o fim da sessão. Após se aproximar do recorde histórico, a bolsa brasileira perdeu o vigor da abertura e mudou de direção no final da tarde. O índice que reúne das principais ações da B3 fechou no vermelho, aos 104.339 mil pontos, após ter alcançado 106.001 na máxima do dia – o recorde durante a sessão foi de 106.650 pontos, batido em 10 de julho.

O Ibovespa caiu 0,18%, contaminado, em maior parte, pelo mau desempenho dos bancos. Banco do Brasil cedeu 2,6%, enquanto Itaú (PN) fechou com variação negativa de 1,67% e Bradesco (PN), de 1,21%. Também pesou a fraqueza dos papéis da Petrobras no final do dia. As ações de varejistas lideraram os ganhos, com Marfrig na ponta positiva, em alta de 6,8%.

A B2W avançou 5,75%, com o setor de varejo, além de acordo da sua controladora Lojas Americanas para integração de plataformas de pagamentos que permitirá o acesso da fintech Ame e B2W a mais de 65 mil lojistas que usam os sistemas da Linx. Lojas Americanas subiu 2,72% e Linx, que não está no Ibovespa, ganhou 4,46%.

No começo do dia, o otimismo tomou conta do mercado local após o Copom (Comitê de Política Monetária) ter reduzido a Selic em 50 pontos-base e sinalizado que manterá o ritmo de corte em sua próxima reunião, daqui a 45 dias. A mensagem levou bancos e corretoras a projetarem os juros a até 4,5% ao ano no final de 2019.

Pelo menos XP Investimentos, UBS e BNP Paribas juntaram-se ao time que inclui Citi, Bradesco, BofA e Santander Brasil, que já prevêem juro abaixo de 5% no final do ciclo de ajuste da Selic.

Petrobras dá cartada nos preços

Eventos favoráveis à Petrobras levaram as ações a subir mais de 2% no início do dia, mas o papel perdeu força e fechou em leve alta, ao redor de 0,26%.

A petrolífera decidiu elevar o preço médio do diesel em 4,2% e da gasolina em 3,5% nas refinarias a partir desta quinta-feira, após ataques a instalações da Saudi Aramco no fim de semana terem elevado os valores internacionais do petróleo. Na segunda, dia em que o petróleo disparou 15%, o presidente Jair Bolsonaro e a própria companhia anunciaram que a alta não seria repassada de imediato ao mercado interno.

A postura chegou a levantar dúvidas sobre o comprometimento da estatal em manter sua política de preços, pautada em acompanhar as oscilações do mercado internacional. A Petrobras adotou a regra no governo Michel Temer, quando seus dirigentes determinaram o fim das intervenções para controlar a inflação, como ocorria no governo Dilma Rousseff.

A conduta do governo atual acerca da Petrobras tem sido positiva em comparação às gestões imediatamente anteriores, defendeu o CEO da consultoria Mesa Corporate Governance, Luiz Marcatti. "As declarações de [Jair] Bolsonaro sobre o preço dos combustíveis geralmente são intempestivas e carregam riscos. Felizmente, dessa vez, o efeito foi limitado", acrescentou.   

Em relatório, analistas da Guide investimentos avaliaram a decisão da Petrobras como positiva, ao demonstrar "certa autonomia na governança em relação ao governo" e dar "credibilidade para as mudanças em curso na companhia".

Outro fator positivo sobre os papéis foi a nova alta petróleo no exterior. O barril tipo Brent chegou a subir 2%, após uma trégua de dois dias, dado que os riscos de oferta na Arábia Saudita ainda não foram descartados. As tensões voltaram quando os EUA e os sauditas culparam o Irã pelos ataques.

"A indústria de petróleo saudita pode ser ameaçada novamente, e poderemos ver mais interrupções de oferta no Golfo Pérsico", disse à Reuters Gene McGillian, vice-presidente de pesquisas de mercado da Tradition Energy.

Dólar ganhou força com novo cenário

Já o dólar voltou ao seu maior valor em duas semanas. Fortalecida pela queda da Selic e a perspectiva de que o Copom manterá este ritmo na próxima reunião, a moeda escalou no final do dia e fechou em forte alta de 1,50%, a 4,1642 reais na venda, maior nível de fechamento desde 3 de setembro.

Com a  queda da Selic, cai também o retorno da arbitragem da taxa de juros, conhecida como carry trade. Nesta operação, os investidores tomam dinheiro em um mercado com taxas baixas e aplicam em países com juros maiores. Este diferencial entre os mercados americano e brasileiro aumentou, afetando diretamente o câmbio. A queda dos juros no Brasil também estimula uma saída de recursos para mercados mais rentáveis, como o México.

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