Ministro da Fazenda, Joaquim Levy: investidores também seguem atentos às notícias sobre sua eventual saída (REUTERS/Sergio Moraes)
Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2015 às 12h00.
São Paulo - O dólar tinha leve alta ante o real nesta sexta-feira, com fluxos pontuais e baixa liquidez diminuindo a força dos ganhos vistos mais cedo, após o Supremo Tribunal Federal (STF) dar mais fôlego à presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment e em meio aos crescentes rumores sobre a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Às 12:43, o dólar avançava 0,38 por cento, a 3,9042 reais na venda, após subir 1,33 por cento, a 3,9411 reais na máxima da sessão.
"Deu um estresse mais cedo, mas está voltando um pouco com fluxos pontuais e liquidez baixa", disse o gerente de câmbio da TOV Corretora, Reginaldo Siaca.
Na véspera, o STF deu fôlego à presidente Dilma ao acatar as principais teses do governo sobre o rito do processo de impeachment e dar ao Senado o poder de rejeitar a instauração do impedimento, além de obrigar a Câmara dos Deputados a refazer a eleição da comissão especial que analisará o tema, com voto aberto e sem apresentação de chapas avulsas.
De uma maneira geral, o mercado tem reagido bem às notícias que apontam na direção da saída da presidente, com a expectativa de que uma mudança no governo ajudaria a avançar nas medidas necessárias para o ajuste fiscal.
Desta forma, as indicações favoráveis à permanência da presidente têm sido recebidas de forma mais negativa por receios de que o país demore ainda mais para tomar as medidas necessárias para sair da crise.
"Para nós, todo o processo de impeachment é negativo para o Brasil por ser uma distração que vai atrasar os ajustes fiscais", disseram os analistas do grupo financeiro Brown Brothers Harriman, em nota a clientes.
Os investidores também seguem atentos às notícias sobre a eventual saída do ministro Levy.
Segundo duas fontes ouvidas pela Reuters, o ministro deve deixar o cargo ainda nesta sexta-feira ou, no máximo nos próximos dias, após diversos atritos com a presidente Dilma Rousseff, sobretudo quanto ao ajuste fiscal.
O nome mais forte para substituí-lo é o do atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.
A saída de Levy não é bem recebida pelo mercado, uma vez que o ministro é um dos maiores defensores do ajuste fiscal dentro do atual governo, enquanto o ministro Barbosa é visto como mais alinhado à presidente Dilma, com menos compromisso com o aperto nas contas públicas.
"A saída de Levy complica ainda mais o ajuste fiscal porque o mercado começa a ver que pode entrar um político nesse ministério... que não tenha peito para enfrentar todas as dificuldades", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.
O Banco Central deu sequência nesta sessão à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, com oferta de até 11.260 contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 7,659 bilhões de dólares, ou cerca de 72 por cento do lote total, que corresponde a 10,694 bilhões de dólares.