IBOVESPA: Após queda brusca na sexta-feira, índice da bolsa terminou o dia em alta de 0,22% / REUTERS/Paulo Whitaker (Paulo Whitaker/Reuters)
Tais Laporta
Publicado em 25 de junho de 2019 às 17h25.
Última atualização em 25 de junho de 2019 às 17h46.
São Paulo - A fase de alta Bolsa chegou ao fim nesta terça-feira (25). Em dia já negativo, o principal índice de ações da B3 acentuou as perdas depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu analisar dois processos que podem libertar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba desde abril do ano passado.
Com uma baixa generalizada nas ações, o Ibovespa interrompeu o tom positivo e cedeu 1,93% no fechamento, aos 100.092 mil pontos. Mais cedo, chegou a descer aos 99 mil pontos. Foi a primeira queda do indicador após quatro sessões seguidas de valorização.
Praticamente todas as ações do índice encerraram no vermelho, com exceção da processadora de alimentos JBS, que chegou a oscilar para terreno negativo.
Um dos habeas corpus que o STF deve analisar envolvendo a soltura de Lula é aquele em que o petista acusa o ex-juiz federal Sergio Moro de parcialidade ao condená-lo no caso do triplex do Guarujá. Cármen Lúcia e Edson Fachin já votaram contra em dezembro, quando o ministro Gilmar Mendes pediu vista e adiou o julgamento. Recentemente, o ministro pediu que o caso fosse retirado da pauta. Mesmo sem devolver a vista, Gilmar propôs hoje que o colegiado discutisse se não concede uma medida para o petista ficar em liberdade até a conclusão do julgamento.
O estrategista-chefe da Eleven Financial, Adeodato Netto, diz não ver uma relação de causa e efeito entre a queda da bolsa e o julgamento de soltura do ex-presidente. “A maneira como o Supremo pode votar pode fazer diferença no sentido de estabilidade institucional, e não necessariamente com a liberdade de Lula”, afirma.
Outro balde de água fria foi a notícia de que deve ficar para a próxima semana a votação do parecer da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara. Partidos ainda pressionam por mudanças na matéria, em pontos como regra da fórmula de cálculo, transição e Estados e municípios.
No cenário interno, após divulgação de ata da reunião do Copom, que indicou que o PIB deve ficar próximo da estabilidade no segundo trimestre, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou a percepção de interrupção do processo de recuperação da economia, mas afirmou que o cenário da autoridade monetária é de retomada adiante de forma gradual.
Para Netto, da Eleven, a queda desta terça-feira é um movimento de ajuste à euforia com a expectativa de queda dos juros no curto prazo. “É uma acomodação da super expectativa equivocadamente transformada em preços mais rapidamente do que deveria nos últimos dias”, diz.
O dólar fechou na maior cotação frente ao real em uma semana, impulsionado por sinalizações de que os juros nos Estados Unidos podem não cair tão rápido quanto se espera, enquanto notícias políticas internas reforçaram o ajuste na taxa de câmbio. A moeda dos EUA subiu 0,69%, a R$ 3,8528 na venda. É o maior nível desde 18 de junho (R$ 3,8597) e a maior valorização desde o último dia 14, quando avançou 1,16%.