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Apesar de trégua, tarifas de Trump terão 'impacto sério' na economia global, diz UBS

Banco faz alerta para previsões de crescimento mais negativas e riscos persistentes para os mercados emergentes

Economia global será afetada pelas tarifas (David M. Elmore/Getty Images)

Economia global será afetada pelas tarifas (David M. Elmore/Getty Images)

Publicado em 10 de abril de 2025 às 12h01.

Última atualização em 10 de abril de 2025 às 12h11.

Em um cenário de incerteza econômica crescente, os mercados globais se preparam para um período de ajustes pesados devido à intensificação das tarifas comerciais entre os Estados Unidos e a China. E o mundo precisa se preparar para um "impacto sério" na economia, segundo relatórios do UBS.

As últimas movimentações da administração de Donald Trump, que impôs tarifas de 125% sobre as importações da China e anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas acima de 10%, geraram repercussões significativas não apenas para as economias envolvidas, mas para o mercado global como um todo.

O impacto das tarifas pode ser mais profundo do que se pensava inicialmente, afetando tanto o crescimento econômico quanto as expectativas de inflação, com implicações que se estendem aos mercados emergentes, segundo o banco. Mesmo com o adiamento das tarifas, para o UBS, os efeitos de longo prazo serão substanciais, com o impacto nas previsões de crescimento sendo mais negativo do que o esperado.

Os mercados financeiros, que já experimentaram volatilidade significativa, podem ver um alívio temporário, à medida que as incertezas sobre as tarifas se dissipam. No entanto, os danos estruturais causados pelo aumento das tarifas são profundos e não devem ser subestimados, segundo os analistas.

Como as tarifas impactam os Estados Unidos?

Os Estados Unidos, que no passado recente experimentaram um crescimento robusto, agora enfrentam novos desafios impostos pelas tarifas.

Segundo um relatório da UBS, o impacto das tarifas recíprocas e universais sobre a China já estava sendo absorvido pelo mercado financeiro, mas não foi totalmente precificado. As expectativas para o crescimento dos lucros no S&P500, por exemplo, foram ajustadas para uma expansão muito mais modesta, possivelmente até mesmo uma contração, se as tarifas permanecerem elevadas por um longo período.

O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, também está sendo forçado a considerar como suas políticas podem responder à nova dinâmica de preços.

Embora a inflação tenha aumentado devido às tarifas, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) ainda acreditam que os preços mais altos podem ser temporários.

Mas a incerteza econômica, exacerbada pelas tarifas, afeta o mercado de trabalho, com muitas empresas fazendo pausas nas contratações devido à incerteza sobre as políticas comerciais.

O impacto das tarifas também é palpável nas expectativas de inflação. Nos Estados Unidos, a inflação já começou a aumentar devido às tarifas, com os preços dos bens sendo impulsionados por custos mais altos de produção e importação.

Globalmente, as projeções indicam que a inflação poderá se tornar um desafio persistente, já que as tarifas sobre a China, somadas a outras políticas comerciais protecionistas, geram pressões inflacionárias em várias regiões.

O dilema do Fed

O Federal Reserve está diante de um dilema: a necessidade de controlar a inflação sem prejudicar ainda mais o crescimento econômico.

A estratégia do Fed de continuar ajustando as taxas de juros em resposta a essas mudanças no comércio global será monitorada de perto.

Se as tarifas forem ajustadas para níveis mais baixos ou mantidas por um longo período, o Fed poderá adotar uma postura mais agressiva para impulsionar o crescimento. Mas se o impacto das tarifas se mostrar temporário, uma política mais cautelosa poderá ser necessária.

A reação do mercado será uma combinação de alívio imediato com cautela a longo prazo, de acordo com o UBS. Os investidores podem ver as tarifas como um risco menor à medida que as incertezas diminuem, mas o efeito econômico prolongado das tarifas pode continuar a gerar volatilidade e riscos sistêmicos no futuro.

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