Bradesco: papéis caíram refletindo a incerteza do mercado financeiro (Eduardo Frazão/Exame)
Repórter Exame IN
Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 18h26.
As ações dos bancos negociadas no Ibovespa registraram queda após o anúncio do governo sobre a reformulação do crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada. A falta de clareza nos detalhes da proposta gerou incerteza entre os investidores, levando a perdas tanto para grandes instituições quanto para bancos de menor porte.
O Bradesco foi o mais impactado, com recuo 1,03% nas ações preferenciais (PN), ficando em R$ 11,51. O Banco do Brasil cedeu 0,33%. Já o Itaú apresentou estabilidade, mas o papel preferencial fechou com queda de 0,24%.
O mercado regiu com cautela devido à incerteza sobre pontos cruciais da proposta, como um possível teto para os juros do consignado. Além disso, a ampliação do acesso ao crédito para trabalhadores CLT por meio de qualquer instituição financeira aumenta a concorrência e pode pressionar as margens de lucro dos bancos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou hoje que o novo modelo de consignado privado poderá beneficiar milhões de trabalhadores, aumentando a concorrência e reduzindo as taxas de juros. Atualmente, apenas trabalhadores cujas empresas possuem convênio com bancos podem acessar esse tipo de crédito. Com a reformulação, qualquer banco poderá oferecer a modalidade, garantindo maior flexibilidade ao trabalhador, inclusive em caso de troca de emprego.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, reforçou que o governo não pretende alterar os limites para concessão do crédito. Hoje, é possível comprometer até 30% do salário e 10% do saldo do FGTS como garantia. Segundo ele, a plataforma e-Social fará a integração entre bancos e trabalhadores, facilitando o acesso ao crédito.
As medidas devem ser enviadas ao Congresso em fevereiro, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve convocar uma última reunião para definir os detalhes finais do projeto. Segundo Haddad, “com a garantia associada, a tendência forte é que os juros fiquem em torno de 1% ao mês”.