Banco Inter: banco foi uma das poucas estreias na Bolsa este ano (Júnior De Vecchi/Divulgação/Divulgação)
Karla Mamona
Publicado em 3 de julho de 2018 às 15h35.
Última atualização em 3 de julho de 2018 às 16h43.
(Bloomberg) -- O quadro ainda completamente incerto para as eleições presidenciais no Brasil só intensificou um momento que já vinha ruim para os emergentes diante da guerra comercial entre China e Estados Unidos e a recuperação da economia norte-americana. Tudo isso acabou por enterrar as perspectivas de um ano frutífero em estreias na bolsa.
O que se esperava era um ano de recuperação econômica e de boas perspectivas para ofertas inicias de ações, principalmente no primeiro semestre, dada a volatilidade tradicionalmente esperada nas eleições na segunda metade do ano. Mas a realidade foi outra: sem consenso nas eleições, mesmo que um candidato pró-mercado vença, ele dependerá do apoio do Congresso para aprovar medidas, o que deixa para 2019 a nova janela de colocação.
Enquanto isso, a taxa de juros nos EUA já terá subido, tornando os países emergentes menos atrativos, o que deixa o Brasil ainda dependente do humor externo.
“Praticamente todo mundo desistiu”, disse Pedro Galdi, analista de investimento da Mirae Asset. “Tanto aqui como lá fora, o mercado está totalmente instável”.
Para IPOs “o ano já acabou em maio”, disse José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, citando o período em que ocorreu a greve dos caminhoneiros. “A greve teve implicações na Petrobras e mostrou que não havia mais impulso de política econômica ou medidas reformistas. De lá para cá, só se viu investidor estrangeiro saindo”, disse.
Desde março, Agibank suspendeu a oferta inicial de ações até setembro, Dass, Blau Farmacêutica e Ri Happy desistiram e JHSF interrompeu o IPO depois de um acordo com a XP Malls. Banco Inter, NotreDame Intermédica e Hapvida conseguiram concluir as ofertas, todas em abril. Na lista de ofertas em análise ainda estão a Multilaser e a unidade de cartões do Banrisul.
Entre as formas de captação deste ano, Galdi vê perspectivas de emissão de debêntures e de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). “Não acredito que tenhamos mais emissões de ações” em 2018, disse.
Amparados na boa fase do agronegócio, os CRAs foram usados recentemente por BR Distribuidora, BrasilAgro e EcoAgro. Já as debêntures tiveram na Suzano seu exemplo mais volumoso, de R$ 4,68 bilhões, para financiar a aquisição da Fibria. As captações de dívida internas e externas continuam ativas.