Mesmo as incertezas geradas pela capitalização da Petrobrás tendem a arrefecer, dizem especialistas, e a estimular a entrada de investimentos estrangeiros (.)
Da Redação
Publicado em 11 de agosto de 2010 às 17h12.
São Paulo - Depois de um primeiro semestre engatado na marcha lenta, a bolsa brasileira pode estar prestes a começar um novo ciclo de recuperação nos negócios até o final do ano. O sentimento econômico favorável e a diminuição da aversão a risco já trazem de volta um velho e saudoso conhecido dos mercados: o fluxo de capital estrangeiro retorna com força ao país e, para o mercado de ações, o bom timing no reencontro pode ser traduzido como crescimento em futuro próximo.
Em estudo divulgado nesta semana pelo banco de investimentos JP Morgan sobre o Brasil, a forte retomada dos investimentos estrangeiros é apontada como gatilho de uma recuperação iminente na renda variável. A tendência tem sinais claros: o mês de julho se despediu com crescimento de 10,8% dos negócios em bolsa, catapultados justamente pelo maior nível de investimento estrangeiro no mercado desde 2009, quando a entrada deste capital foi tarifada via IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). “Se os fluxos estrangeiros se consolidarem, os mercados brasileiros podem facilmente bater sua alta histórica de 73.516 pontos”, dizem os analistas. O marco foi alcançado em março de 2008, algumas semanas depois do grau de investimento conquistado no índice da S&P.
Não apenas um julho forte, mas os investimentos pujantes no começo de agosto (com mais de um bilhão de reais em dinheiro estrangeiro negociados nos quatro primeiros pregões do mês) corroboram o novo esboço, diz o relatório. Até o final do ano também estarão fora do caminho pontos de incerteza no calendário nacional, como as eleições e a capitalização da Petrobras. “O cenário é provável, especialmente se não houver surpresas relativas na área global, e pode ser um catalisador chave para as ações até o fim do ano”, aposta o estudo.
Bolsa barata
A nova cartografia do terreno econômico, que desenha o Brasil como espaço estável de crescimento enquanto os sinais globais apontam para baixo, é apontada pelos analistas Emy Shayo Cherman, Ben Laidler, Brian Chase e Vinay Joseph como a chance de equalizar a atratividade do mercado nacional e a paradoxal fraqueza recente nos investimentos estrangeiros. De fato, a relação preço/lucro do mercados brasileiro é barata como poucas: é ainda expressada por um dígito (9,3 vezes), contra 12,9 x do México e 11x da China, ficando apenas atrás da Rússia (6,1 x) entre os emergentes.
A pechincha não combina com a tímida fatia que coube ao Brasil no fluxo de investimento estrangeiro em mercados emergentes no primeiro semestre deste ano - apenas 2,5% em 2010, equivalente a 30 bilhões de dólares, montante bem mais baixo que a fatia de 15,6% registrada no mesmo período de 2009, com 64,4 bilhões de dólares. Para o JP Morgan, é vez dos investidores se darem conta das vantagens brasileiras. “Os mercados não tinham convicção no Brasil, mesmo ele sendo barato entre os emergentes. Este é o momento de retomada na injeção destes recursos”.
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