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Análise: Olho no dólar, na Ata do Copom e na inflação

Se a Ata do Copom convencer o mercado que alta da Selic é para valer, documento pode ser linha divisória para taxa de câmbio

Prédio do Banco Central: dólar pode atravessar linha divisória a depender da reação do mercado à Ata do Copom (Ueslei Marcelino/Reuters)

Prédio do Banco Central: dólar pode atravessar linha divisória a depender da reação do mercado à Ata do Copom (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Angela Bittencourt

Publicado em 10 de maio de 2021 às 11h12.

Última atualização em 10 de maio de 2021 às 11h13.

Fique de olho no dólar. A divulgação da Ata do Copom amanhã, terça-feira, é o ponto alto da semana porque o documento poderá marcar uma linha divisória para a taxa de câmbio, caso o Banco Central convença o mercado de que a normalização da política monetária é para valer. Isto é, que a taxa Selic, elevada a 3,50% ao ano na semana passada, caminha para 4,25% em junho como acenou a instituição.

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“Normalização” é mais que simples aumento de juro. Para alguns analistas, “normalização da política monetária” significa praticar juro real positivo, algo acima da inflação que já começa a flertar com 7% em 12 meses. E o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) poderá confirmar essa trajetória amanhã, com a publicação do IPCA de abril.

O dólar caiu 3%, para 5,22 reais, em dois dias após o Copom colocar em cena a taxa básica de 4,25% na próxima reunião. Ajudou no movimento, sem dúvida, o temor de que a recuperação da economia americana não esteja garantida em razão da criação de postos de trabalho em abril bem aquém do esperado por analistas. Contudo a relação entre juro, câmbio e inflação esperada é inequívoca.

Há mais de ano, a moeda americana mudou de patamar. Ultrapassou 5,00 reais para voltar pontualmente abaixo de 5,00 reais por alguns dias. A resistência de 5,00 reais ocorreu em meados de março de 2020, às vésperas de o mesmo Copom reduzir a Selic para 3,75%. Esse corte – aprofundado nas reuniões seguintes até o recorde de baixa de 2% -- foi a senha de que o juro real no Brasil entraria em território negativo por tempo prolongado.

Lá, em março de 2020, o IPCA estava acumulado em 3,30% em 12 meses e o mercado projetava menos de 0,50 ponto acima ao final de um ano. Na semana passada, a estimativa mediana para 12 meses à frente era de 4,43% e o indicador acumulado alcançou 6,10%.

Selic a 3,50% ainda soa desajustada a esses dados recentes e à inflação que ainda segue pressionada. O IPCA de abril sai também amanhã e a LCA Consultores calcula que poderá cair a 0,30%, vindo de 0,93% em março. Apesar desse tombo, em 12 meses a inflação deve tocar 6,75%. Também nesta terça, a Fundação Getulio Vargas publica a primeira prévia do IGP-M de maio. E, embora a estimativa mediana do mercado seja de alta de 1,26%, o resultado pode ser bem mais salgado. Os economistas da LCA projetam 2,77%.

Inflação está na pauta de indicadores da semana na China, na Alemanha e nos Estados Unidos. Por aqui, o IBGE ainda divulgará a Produção Industrial Regional e a Pesquisa de Serviços – ambas relativas a março. E o Banco Central apresentará o seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), uma leitura do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro também em março.

Por fim, mais de 70 balanços trimestrais de empresas brasileiras serão divulgados nesta semana. Entre eles, Linx (LINX3), Cia Hering (HGTX3), Oi (OIBR3), IRB (IRBR3), BR Distribuidora (BRDT3) e Via Varejo (VVAR3).

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