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Ambev está bem posicionada para capturar fatias de mercado da Petrópolis, dona da Itaipava

Analistas de mercado também veem chance de a cervejaria do interior fluminense ser vendida às engarrafadoras da Coca-Cola ou à Heineken

Participação de mercado pode migrar para Ambev e Heineken, segundo analistas (Itaipava/Divulgação)

Participação de mercado pode migrar para Ambev e Heineken, segundo analistas (Itaipava/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 28 de março de 2023 às 18h23.

Última atualização em 28 de março de 2023 às 19h39.

O pedido de recuperação judicial do Grupo Petrópolis pode surgir como uma oportunidade de ganho de mercado para Ambev (ABEV3) e Heineken, segundo analistas de mercado do Credit Suisse e do Itaú BBA.

"Em um mercado onde o consumo de cerveja per capita está em máxima histórica, potencialmente implicando crescimento orgânico limitado daqui para a frente, o tamanho do volume de Petrópolis de 24,1 milhões de hectolitros (25,6% do volume da cerveja Ambev Brasil) é significativo para a indústria", escreve a equipe do Credit Suisse.

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Para o banco, a Ambev deve ser a principal beneficiária, mas outros concorrentes também podem se beneficiar. "Embora não tenhamos visibilidade de como isso [pedido de recuperação judicial] pode impactar as operações do Grupo Petrópolis no curto prazo, acreditamos que a Ambev está melhor posicionada em termos de portfólio e alcance de distribuição para continuar absorvendo potenciais perdas de market share", escrevem os profissionais.

Segundo a equipe do Itaú BBA, as dificuldades da Petrópolis impulsionaram os ganhos de participação da Ambev e da Heineken ao longo dos últimos três anos. Por isso, no curto prazo, imaginar que a Ambev pode pegar mais um pedaço dessa fatia faz sentido, "mas é muito cedo para ser otimista com o longo prazo".

A equipe do banco diz que é razoável supor que a Petrópolis "se concentrará em reotimizar sua estrutura de capital e rentabilidade no curto prazo, levando a um ambiente competitivo benigno ao longo do processo".

Um comprador para o Grupo Petrópolis?

Tanto para a equipe do Credit Suisse quanto para a do Itaú BBA, a opção de venda não é algo descartado. "Em nossa opinião, um comprador poderia surgir e a lenta perda de participação de mercado poderia ser substituída por uma estratégia voltada para a participação de mercado renovada e direcionada", dizem os analistas do Itaú BBA.

A equipe do Credit aponta possíveis interessados. "Diante de seu pedido de recuperação judicial, o Grupo Petrópolis pode se tornar um alvo atraente para M&A, observando o sistema Coca-Cola ou a Heineken como potenciais adquirentes estratégicos."

Para os analistas do banco suíço, o Grupo Petropólis pode representar uma oportunidade para os engarrafadores da Coca-Cola otimizarem ainda mais sua rota para o mercado e recuperarem as vendas de cerveja após o redesenho da parceria com a Heineken, complementando seu portfólio de cervejas premium. Hoje, o Sistema Coca-Cola está basicamente com a distribuição dos rótulos mainstream (mais básicos) da Heineken, além de ter comprado a Therezópolis e ter feito parceria com a Estrella Galicia.

Quanto à Heineken, embora a empresa tenha tomado a decisão de seguir uma estratégia mais premium e reduzir a ênfase em seu portfólio econômico, o banco diz que ela pode estar interessada em complementar seu portfólio mainstream com a marca Itaipava e adicionar capacidade de produção. "Em qualquer cenário, as restrições do regulador antitruste (Cade) parecem improváveis", avaliam.

 

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