O real acumula uma baixa de 5,9 por cento nos últimos 30 dias, o pior desempenho entre 16 principais moedas globais (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2013 às 14h23.
São Paulo - Os títulos junk da GOL da emissão com vencimento em 2020 caíram 13,9 por cento, mais do dobro dos títulos com o mesmo rating da companhia.
O real acumula uma baixa de 5,9 por cento nos últimos 30 dias, o pior desempenho entre 16 principais moedas globais, o que diminui os lucros de empresas com receita local e despesas em dólares, ao mesmo tempo que eleva o valor da dívida na conversão para reais.
“A incapacidade de repassar o aumento total de preços vai resultar em compressão de margens. Se isso continuar por muito tempo, vai resultar em mudanças nas perspectivas para o crédito também”, disse Michael Roche, estrategista de renda fixa para mercados emergentes da corretora Seaport Group LLC, em entrevista por telefone de Nova York.
Real em queda
O real caiu 7,6 por cento neste trimestre e talvez chegue à maior perda desde o segundo trimestre de 2012, num contexto de estagnação econômica, protestos violentos nas ruas e especulações de que a Reserva Federal americana diminuirá seu programa de estímulos.
Analistas do Barclays e Goldman Sachs veem mais potencial para queda do real.
Segundo escreveu Themistoklis Fiotakis, analista em Londres da Goldman Sachs, em um relatório para clientes, o real poderia se desvalorizar mais 20 por cento. Embora a estimativa não seja um prognóstico, aponta ao lugar “a que o real pertenceria definitivamente”, escreveu o analista.
“Uma maior depreciação da taxa de câmbio poderia ser necessária para levar as contas externas a um equilíbrio pleno”, escreveu Fiotakis.
O déficit na conta corrente do país cresceu até o nível recorde de US$ 73 bilhões nos 12 meses finalizados em maio, equivalente a 3,2 por cento do PIB, conforme um relatório do banco central.
Se o real baixasse até 2,3 por dólar, os lucros da Petrobras antes de juros, impostos, depreciação e amortização – atualmente estimados em US$ 38,3 bilhões – cairiam 12 por cento no ano que vem, disse o Banco BTG Pactual SA em um relatório de 12 de junho.
A GOL, 93 por cento de cuja receita é em reais, disse em documento regulatório de 24 de junho que espera que o valor médio do real neste ano fique entre 2,08 e 2,18 por dólar, contra estimativa anterior de 1,95 a 2,05.
O diretor financeiro da GOL, Edmar Prado Lopes Neto, disse em entrevista em Nova York que o movimento dos títulos é parte do aumento do risco Brasil e uma reação ao câmbio.
A assessoria de imprensa da Petrobras não quis fazer comentários.